Sobre o lado esquerdo do peito
Sobre o lado esquerdo do peito
Não tem jeito
Escrevem por aí a torto e a direito.
Intento
Intento da língua
Também é caber entre a boca em que saliva.
Língua solta só se for quieta dentro da boca que é outra
Língua na outra é recíproco, cabe no que diz em silêncio.
Algumas línguas preferem não
A minha língua prefere assim:
Calada no céu de uma boca
Que joga saliva dentro de mim.
Sábado
matutar um verso
cuspir o infinitivo
brincar de rima
tudo isso
hoje não tem vez
quando o sol chama
ficar na cama
é uma tremenda estupidez.
Nada do que eu digo vai mudar em nada
Minha vida, a de qualquer um.
O que sai da boca nem sempre entra para a história
Da vida de alguém, de qualquer um.
Não acredito que o que eu digo possa mudar algo
(Como essa gente "fodona" acha que acredita
Porque no fundo elas também sabem que não).
Certas palavras servem apenas de enfeite.
Mesmo que haja quem as aproveite
É só deleite, mais nada.
E o que interessa
Até mesmo o que eu escrevo agora
Se nessa mesma hora alguém dorme sobre as penas de um ganso
Enquanto há gente no mundo que nem tem onde dormir?
De que vale repetir o já dito
Tentar dizer bonito
Aquilo que na verdade é só mais utopia que sabemos pedir?
O mundo com palavras que pudessem mudar algo
Que fizessem parar de extinguir ararinhas-azuis
Águias, pandas, macacos, tamanduás
Jaguatiricas, suçuaranas, maracajás...
Também palavras que fizessem acabar com as armas
Nas pontas das línguas
E entre as mãos, balas da destruição.
Palavras que secassem prantos
Palavras que cessassem o espanto
De ver o sol alaranjar de poluição.
Não.
Nada do que eu digo vai mudar em nada
Minha vida, a de qualquer um.
Não.
De que adianta qualquer palavra boa
Quando à toa fica a intenção?
Não.
Nem o discurso.
Nem a tese.
Nem a suposição.
Nem a filosofia.
Nem a prosa.
Nem a rima.
Nem o verso livre.
Nem o novo.
Nem o clássico.
Nem o soneto que se acha mais fodão.
Nem o simples.
Nem o enleio.
Nem o que escrevo.
Nem o que leio.
Nem essa poetopia que nasceu em vão.
Poetopia
Não.
Minha vida, a de qualquer um.
O que sai da boca nem sempre entra para a história
Da vida de alguém, de qualquer um.
Não acredito que o que eu digo possa mudar algo
(Como essa gente "fodona" acha que acredita
Porque no fundo elas também sabem que não).
Certas palavras servem apenas de enfeite.
Mesmo que haja quem as aproveite
É só deleite, mais nada.
E o que interessa
Até mesmo o que eu escrevo agora
Se nessa mesma hora alguém dorme sobre as penas de um ganso
Enquanto há gente no mundo que nem tem onde dormir?
De que vale repetir o já dito
Tentar dizer bonito
Aquilo que na verdade é só mais utopia que sabemos pedir?
O mundo com palavras que pudessem mudar algo
Que fizessem parar de extinguir ararinhas-azuis
Águias, pandas, macacos, tamanduás
Jaguatiricas, suçuaranas, maracajás...
Também palavras que fizessem acabar com as armas
Nas pontas das línguas
E entre as mãos, balas da destruição.
Palavras que secassem prantos
Palavras que cessassem o espanto
De ver o sol alaranjar de poluição.
Não.
Nada do que eu digo vai mudar em nada
Minha vida, a de qualquer um.
Não.
De que adianta qualquer palavra boa
Quando à toa fica a intenção?
Não.
Nem o discurso.
Nem a tese.
Nem a suposição.
Nem a filosofia.
Nem a prosa.
Nem a rima.
Nem o verso livre.
Nem o novo.
Nem o clássico.
Nem o soneto que se acha mais fodão.
Nem o simples.
Nem o enleio.
Nem o que escrevo.
Nem o que leio.
Nem essa poetopia que nasceu em vão.
Poesia gritou por aqui, sai reescrevendo e encontrei suas pistas em meus textos. Te reler é sempre um recomeço. Katia Silva
ResponderExcluir