
A velhice nos acompanha
desde a infância,
deduziu o poeta.
Mas não ficou sentado,
decidiu por levantar
e pegar o caminho do lugar mais distante,
mais erradio,
onde nem Magalhães, nem Cook ousaram chegar,
a alma.
O poeta empunhou o lápis,
coisa que se pode apagar,
encheu seu alforge de palavras;
palavras grandes, pequenas, indizíveis.
Guardou algumas antigas
destas que veem longe,
mas tomou algumas jovens e impulsivas também
destas que supõem dizer tudo.
Pegou maneiras lacônicas de dizer,
mas precisava das barrocas também,
dessas que enfeitam templos.
Pegou palavras que só Deus usa,
derramou-as todas no cantil,
colocou-as nos pés;
elas aquentam a eternidade.
O poeta encheu os bolsos de palavras gentis, amáveis,
para a iminência de encontrar lugares de dor,
sem pontes.
É preciso de sorrisos nestes dias.
O poeta inalou algumas palavras,
dessas cheias de paz,
ótimas para a respiração,
aprumou os ombros;
sentiu dores, saudades, esquecimentos
e tossiu duas asas nas costas,
coisas assim que só querem voar.
Mediu o tempo usando as esperanças,
testou as firmezas usando a fé;
resolveu um milhão de passos com um,
em cima do papel,
e escreveu um poema infantil,
para a alma brincar insistentemente.
San Rodrigues
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