Espaço Idílico...

LEITORES...

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Olá...!

Estes poemas são lugares de minha casa emocional... sintam-se a vontade, estiquem as pernas e pensem em lugares da vida que pertencem as coisas da alma...

Sandro A.

Poetas e Escritores do Amor e da Paz

28/01/2012

BOCEJO...

Daí-me um passo de poeta
E moverei o verbo
Ir, até chegar ali:
No verso
Na rima
No rumo
Na brisa
Na prosa...
Até a cidade virar roça
E o solfejo virar bossa!
Até o olhar virar gosta.


San Rodrigues

REDUZIDO...

Antes que essa
Caixa de pensamentos
Desligue as luzes,
Preciso que as palavras
Digam que o sabia
Trinou um riacho de saudades,
Nos meus olhos cansados!
Cansados...
Cansados...
Mas não intolerantes,
Não tão arrogantes,
Uma casca e por dentro o instante.

Eu depois das lágrimas
Todo trêmulo,
Ofegante.

Agora entendo,
São sabiás que fazem o mar,
Deus e essas lindas brincadeiras.


San Rodrigues

THEO...

Deus,
Minha vida abalroou
Com minhas caras na estrada.
Oro como quem abandona.

Não sei à quem,
Não sei a que.

Deus dos abatumados,
Vasculha minha estrada,
Meus passos,
Me prova que amor não é
Contrato,
Que uns pecados são meus
E outros do diabo.

Oro como quem se
Abeira dum vagalhão.

Abroga meu coração,
Senão ele, minha exaustão.

Deus, em mim mora um susto,
O abstrato,
Um acanhamento que eu refuto.
Está na derrota o meu fruto,
No canto da voz,
No canto do muro.

Tenho um anjo
Desesperado de eternidade,
Naquela folha sagrada.
86.400 soldados frágeis,
Velozes,
Alguns confinados nos minutos,

Outros exagerados na hora,
Os mais modestos
Só meia hora.

Mas a insistência fabrica amoras.

Deus,
Você tem a ver com isso,
Minha esperança te adora.


San Rodrigues

PEDREGULHO...

Daqui de dentro do olhar
Ofuscado perguntei as pedras,
Sobre coisas que passam:
A água,
A garça
E a palha na fogueira.

A pedra me falou
Para escrever um poema
Que desafie a esperança
E o coração-de-pedra
No meio da canseira.

Na vida,
A pedra tem de se virar,
Por que respostas não
caem no colo,
precisam ser destrinçadas,
roídas,
amoladas,
andadas
e depois sonhadas
do lado de fora da respiração.
Seu eu não escrever,
As próprias pedras
Poetizarão.


San Rodrigues

ENTREMEIO...

Entre o passo e o caminho
Entre o galho e o ninho
Entre a coroa e o espinho
Entre a beira e o berro
Entre o estreito e o etéreo
Entre a ira e o império
Entre a risada e o mistério
Entre a vez e o velório
Entre o oco e o recheio
Entre o vazio e o inteiro
Entre o viço e a idade
Entre a ida e a saudade
Entre o mito e a verdade
Entre o respiro e o sopro
Entre Flaubert e Esopo
Entre eu mesmo e o outro


San Rodrigues

ME LEVA...

O tempo leva
tudo o que
o homem engendrou:

Leva a ida
Leva a volta
Leva a revolta

Leva o ouro
Leva a prata
Leva o louro

Leva o vento
Leva o invento
Leva o evento

Leva a lira
Leva a ira
Leva o riso

Leva o sonho
Leva o sumo
Leva a sina

Leva o encanto
Leva o santo
Leva a rima

Leva a história
Leva o ator
Leva a cena

Leva o eco
Leva o impostor
Leva o ato

Leva o barroco
Leva o barraco
Leva o poema

Leva Rilke
Leva Paes
Leva Leminski

Leva o fato
Leva o fado
Leva o feto

Leva o dente
Leva o dote
Leva o doente

Leva o leve
Leva o Love
Leva o livre

Leva a febre
Leva a fibra
Leva a vida.


San Rodrigues

FAZ ASSIM...

O último bruxuleio
Da vela é um tremor,
Depois ela dorme,
A luz dorme,
O silêncio dorme,
E as sombras ficam olhando
No fundo dos olhos do coração.


San Rodrigues

CADA UM COM A SUA...

Quando ficam a sós com as palavras:
Matemáticos as calculam
Médicos as suturam
Padres as exorcizam
Professores as ensinam
Estilistas as costuram
Policiais as empunham
Juízes as executam
Cegos as tocam
Censores as cortam
Engenheiros as fundem
Putas as fodem
Palhaços as riem
Terroristas as explodem
Deprimidos as desesperam
Apaixonados as esperam
Nostálgicos as tiveram
Conselheiros as ponderam
Críticos as disparam
Pecadores as reparam
Deus as purifica
O poeta as respira.


San Rodrigues

PLANTAÇÃO...

Fui criando dias,
Soprei neles minha respiração
Neandertal.

Os dias cresceram,
pularam as cercas
de minha história,
se indomaram
do lado de lá
e quando eu já não
os via mais,
viraram séculos
e me fossilizaram
os versos.


San Rodrigues

MAGIA...

Cada palavra
tem
o espaço
de um universo.

O poeta é feiticeiro
Que costura
Universos paralelos.


San Rodrigues

PELE...

A pele do meu silêncio é sensível
Um soneto aflorado tenso em cor
Tento dizer frases do mundo invisível
Tento dizer sentimentos de cor
O tecido de meu silêncio são palavras
Não exato essas brutezas que soem dos sons
Falo de fluências, essências lauras
De vários cheiros,vozes e tons
Dessas línguas que assolam os profetas
E recheiam com um jardim, qualquer tormento
Se creio em versos estetas?
Creio em tudo que tem sentimento.


San Rodrigues

COCEIRA...

Diante do olhar,
Nada vago fica quieto.
Nada sóbrio fica no vão.
O pensamento coça a barriga de tudo
Que é certo e incerto.
Abre valas e escorrem
Coisas de saudades pro coração.

O olhar chama as coisas
Pelo nome de sua essência


San Rodrigues

THE END...

Se
Luto,
No
Luto
A
Luta
Acaba.


San Rodrigues


QUEM ESTÁ AI?...


Por ausência senti frio
Por ausência a luz pousou nos olhos
Por ausência a lua dormiu na lagoa
Por ausência a folha voou no vento à toa
Por ausência acertei a ampulheta
Por ausência respeitei toda demência
Por ausência fiquei sonolento
Por ausência fiquei metade por dentro
Por ausência fiquei metade a forras
Por ausência fiquei fenda, fundo, foda
Por ausência fui, volto, resto
Por ausência de tudo um pouco detesto
Por ausência de tudo um pouco Deus melhora.
No fim com licença,
Vou me ausentar.


San Rodrigues

INDELÉVEL...

Sou uma incidência,
Repleta de retaliações.
Meus fundos e rasos
Se copulam em algum
Remanso sagrado.
Abro as pernas pro eunuco,
No inventário do meu ossuário.
Porque um dia serei meu nome.


San Rodrigues

PARA ALGUÉM...

Para aqueles que prendem
corpos e adoecem esperas
Para aquele que colonizam
horizontes e amanhecem estrelas
Para aqueles que sepultam
medos sagrados
Para aqueles que acreditam
numa flor amarela
Para aqueles que esperam
que a noite dure uma vela
Para aqueles que subvertem
o pronome sem deixar seqüela
Para aqueles que encarceram
seus ouvidos
Para aqueles que só
tem órbita no umbigo
Para aqueles que fazem
“plural”, mas não sabem “singular”
Para aqueles que rezam,
mas não sabem orar
Para aqueles que usam
uma cadeira para domar um vulcão
Para aqueles que humilham
a brisa e são humilhados pelo tufão
Para aqueles que psicanalizam
e enjaulam poemas
Para aqueles que vêem
no diálogo, só um monte de morfemas
Para aqueles que fixam
espaços além da própria razão
Para aqueles que não
querem explicação
Para aqueles que usam
Lápis de cor
Para aqueles que usam
senão a dor
Que fique claro.
Todos nós temos limites
Invadidos pelo fim da tarde.


San Rodrigues

MINHA...

Minha
Folha branca
Foi abduzida
Por um arco-íris.

Voltou qualquer
Dia desses,
Cheia de prosa.


San Rodrigues

FOLHA BRANCA...

Se tenho uma folha branca
Isso me desespera
Se tenho uma alma santa
Isso me degenera
Se tenho uma cama manca
Ela me tolera
Se tenho todas as cores
Fico só com a amarela
E pinto meu sol nublado.


San Rodrigues

HIROSHIMADO...

Fui juntando
Letras químicas,
Corrosivas,
Letras com núcleo de urânio.
Aquelas que estavam
Em minhas profundidades mais sorridas,
Surradas
E choradas.
Na esquina do corpo
com qualquer alma.
Fiz versos com imediações
Entalhadas por furacões,
Das tempestades de meus
ancestrais em mim.
Fogo e gelo tentando serem amigos.
Devagar medindo,
Devagar sentindo.
As flores não ligam pra nada.
Eu e bilhões de sombras,
Ligamos para as flores.
Cheias de versos no caule,
Nas pétalas,
Nos aromas.
E minhas palavras,
Uma rosa,
Explodindo em rima,
No Reno,
Em Roma
Ou só romã.
Desconstruindo qualquer
Hiroshima de minhas guerras.
Se faço palavras,
E por que com palavras
Me desfaço nelas.


San Rodrigues

18/01/2012

BOCA E OLHOS...

Se Queres dormir.
Silencia o ruído de certas fragrâncias.
Tira o resto do dia
De tua boca e olhos.
Cospe as intolerâncias.
Promove a paz entre as pálpebras,
Elas não podem se estranhar,
Precisam se entranhar.
Esquece os movimentos,
Os tormentos,
as atribuições.
Respire debaixo do limiar,
Do entender,
Do pensar.
Se fracione, pra multiplicar.
Deixe doer,
Deixe sarar.
Os minutos gotejam dentro dos olhos
E adormecem a consciência
E dissolvem mil histórias,
mil morfemas,
mil essências
e a alma ronrona sem petulância,
sem proezas.
A pena valseia de mãos
Com a brisa.
Lenta, valseia.
Uma barcarola
Brincando de pêndulo.
E navega até o último berço.
O chão.
Silêncio e idílio.


San Rodrigues

12/01/2012

PÊLO...

Faz um minuto
que aquele segundo passou,
e nem por um instante
eu pude controlá-lo.

A palavra controle
é cheia de vazamentos
que vão erodindo a pele,
a nota,
a cor,
a euforia do amor.

Até tudo se render
e o futuro envelhecer
na contração da hora.

Agarrei o segundo
e numa Pandora
num segundo
passou tanta vida.

Eu ainda não sei
o que cabe lá.


San Rodrigues

ADULTOMIA...

Retirei a ternura,
rasguei outras poesias,
desplantei as margaridas,
tornei frias as alegrias.

Invadi a fantasia e desiludi
os coloridos,
subi em todos os céus
e desliguei os alaridos.

Me vinguei das ingenuidades,
contratei uns suicídios,
me matei de minha infância,
fiz-me insípido.

Vasculhei todos os meus temas,
tinha apenas um assunto,
perdi a diversidade da criança.

Estava pronto,
eu
era
adulto.


San Rodrigues

Letras e Atos...

Este espaço é um ensaio para a escrita fotográfica, aquela que vê a cena e provoca as palavras para que possam construir a metáfora da imagem.
Gravando as imagens do diálogo, dos gestos, dos paragrafos, do detalhe nos verbos, em assustadores substantivos e adjetivos maleáveis... que possam traduzir emoções guardadas num lugar secreto.

San Rodrigues

toda leveza nasce de um instante de reflexão...