levantei-me
e olhei
a
dissimulação das manchetes,
olhei
o cinismo das máscaras,
o
fingimento das maquiagens;
olhei
metros de mentiras;
com
olhos secos.
Olhei
a ilusão das aquisições,
olhei
deduções lógicas
com
olhos secos.
Fui
para a beira do abismo
e
pulei com olhos secos,
voei
com olhos secos,
amei
com olhos secos,
duvidei,
sofri, perdoei
e
esqueci, com olho secos.
O
dia passou,
a
noite chegou
e
eu com olhos secos,
nadei
no breu com medo
e
olhos secos,
tive
raiva, amor e sono
com
olhos secos,
dormi
pensando nos céus,
sonhei
com infernos
e
as asas da melancolia
me
escureceram com olhos secos;
assumi
os dias
e
o fim com os olhos secos.
Vi
planetas, sóis, estrelas;
Todos
os mundos com olhos secos.
Vi
o passado,
vi
o futuro,
vi
quando o tempo acabou;
com
olhos secos,
e
o dia amanheceu.
Levantei
e olhei.
Uma
flor nascendo se contorceu
na
brecha,
e
simplesmente
o
verde venceu.
Eu
chorei.
San Rodrigues
San Rodrigues