
Suponho que a verdade
é esse lugarzinho confortável,
em que nós e um grupo de
simpatizantes mal informados,
decidem acampar.
A verdade é assim,
este terreninho de profana sacralização,
em que nossas vaidades disputam
entre o absoluto desvario
e a irrelevância de ter razão,
Entregando-se a tolice
de ter achar que se está
olhando de cima para aqueles,
que só não abriram a porta
porque não tinham a chave;
Mas como negar o universo todo depois dela.
A verdade é este lugarzinho
em que empacotamos ideias
vestidas de palavras medrosas,
Cheias de vergonha de ficarem
nuas diante das perguntas.
Eu tenho inveja das ideias,
que não tem nenhum pudor
de tirar toda roupa
E mostrar seios murchos,
entranhas antigas,
admiro estas ideias,
que não temem os becos frios
das cidades fantasmas
de tradições dogmáticas,
aquelas mesmas mães
das inquisições que calam Galileu,
Mas Galileu não quer falar:
o Sol fala, a Lua fala e
a Terra não respeita o calendário Gregoriano.
O que são esses lugarzinhos
quando o universo não exige explicação.
Assim, me desfaço das minhas verdades;
eu, o outro, o dia, a vida, os sons, os sonhos,
a realidade, a morte, o passarinho,
o instante, a eternidade; Deus.
Me desfaço, pois a verdade
é esse lugarzinho, esse lugarzinho
tão demagógico que não cabe
o instante e a eternidade do passarinho,
que não cabem os sons do outro,
os dias do universo,
a morte do eu e a realidade dos sonhos de Deus,
pois é, suponho que a verdade
é esse lugarzinho confortável,
mas que não abriga ninguém,
por que, no fim, bem no fim,
ainda estamos muito mal informados
quanto a tudo, inclusive a verdade...
San Rodrigues
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