Freud cansado,
confrontado com seus limites,
desafia as palavras
e manda o mistério
se “consultar com os poetas”.
Amigos!
Não nasci com o poemas em mim,
nasci com a poesia,
freando minha respiração,
entre as pernas de minha resistência.
O desabafo e a decência
são indiferentes à impertinência.
As palavras agarram minha
dor pelo colarinho do desatino
e trazem a tona,
no anzol de cada predicativo e sujeito,
meu riso nervoso.
Me sou o verso,
que conheço menos e melhor.
Não rimo
obverso com adverso.
Rimo com reverso;
por que suspiro para me revirar.
Ver toda dor que há
por debaixo da pétala.
E no futuro
me transbordei na prosa,
só por que não caibo no meu susto
de viver;
mais um minuto.
Quiçá um dia.
Oxalá uma vida.
Orquídeas é que moram na eternidade com Deus:
Quebro-me,
quedo-me,
ergo-me,
vergo-me,
medo-me,
temo-me,
peço-me,
peco-me.
Envio-me para o outro
lado do rio,
porque nasceu uma ponte.
Sem ponte
é impossível agradar a Deus.
Assim diz o poema.
San Rodrigues