
Me encontrei nos teu olhos.
Ontem,
é o verbo foi,
amanhã,
para alguém será,
somente agora é,
essa coisa do hoje.
Mas o dia envelhece,
na morte de um minuto e outro,
neste cemitério de horas,
e tudo que faço é te procurar.
Onde já se viu,
essa coisa de poeta se apaixonar?
Perder o coração em algum lugar desse amar
e ficar a procurar?
Mas para o poeta mentir é tão fácil,
iludir é tão rápido,
sonhar é tão terno,
e chorar é tão bom...
Fácil não!
Fácil nada!
Me mostre um poeta na fácil estrada,
e mostrarei que sua poesia não vale nada;
sem essa dor e essa procura toda
sua poesia é uma dessas coisas de alma obscura.
Mas tu bendita lágrima,
essa inundação que afoga a dor,
nas noites frias do sofrimento,
a lágrima é a síntese do orvalho divino,
por que vai haver uma manhã de redenção.
Por isso tenho saudade,
essa coisa de quando momento tenta fugir da recordação
para aparecer de novo e não consegue.
Onde estou nos seus olhos?
Não se surpreenda de eu não parar de procurar,
tudo que tenho nessa alma de poeta
é a vontade de achar;
tenho procurado em Magritte e Degas,
Schulmann e Ravel, Moliére e Kandinsk,
no Bandeira e Manuel,
mas você estava embaixo da pele,
bombeada por meu coração,
e foi nos meus olhos que te encontrei,
nessa coisa de olhar.
San Rodrigues
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