Espaço Idílico...

LEITORES...

Powered By Blogger

Olá...!

Estes poemas são lugares de minha casa emocional... sintam-se a vontade, estiquem as pernas e pensem em lugares da vida que pertencem as coisas da alma...

Sandro A.

Poetas e Escritores do Amor e da Paz

04/11/2012

TU ME AMAS?...


Pedro pensa plumas,
Pela penumbra pulsante...
Planando, parando.
Pedindo possibilidades,
Pusilânime, pecador, pesado,
Penitente procura perdão.
Por pura pequenez paira.
Portanto pede.
Pactua palavras:
Pai, perdão!
Pacientemente perde.
Pacientemente pó.
Parcialmente passando
pela porta poética.
Premente, pregresso.
Passarinho pelado.
Pedaço pautado pela pena.
Pode parar,
Pode passar.
Pode puir.
Permeia pertinazmente por perto,
Persistentemente,
Peremptório propõe perdoar-se,
Prescruta-se.
Pesca peixes,
Perde peixes,
Perde-se.
Poda-se pobre
Plantado por pura piora.
Pede perdão porque precisa planar.
Pronto!
Possui perdão,
Pelos pecados pretéritos.

San Rodrigues

FO-NE-MAS...


As palavras foram
abrindo meus olhos
e puxando de lá,
um mar todo que dormia.

As palavras abriram sua boca

Entre um fio de saliva
E dois ou três fonemas arfaram sons.

As palavras ventaram na sua pele,
E seus dilemas perguntaram
Pelas coisas dionisíacas.
As palavras levantaram suas mãos
E elas procuraram o outro
Com todas as suas
Outras coisas,

E ficaram ali brincando
De acariciar a vida,
E o universo era só um quintal
De sonhar.

San Rodrigues

EU RECHEIO...


Voltei como quem escuta a semente,
E derrepente rompe inteiro.
Voltei como quem cava inerente ao instante,
Alguma cor da vida inteira.
Minha saudade tem altura das coisas de dentro.
Do inverno até dezembro.
Um vagalhão despido de bruteza,
Entrou pela minha paz inteira,
E sacudiu todas as minhas certezas,
Das mais quentes,
A mais espessa.

Como que se encanta o silêncio?
Como amarrar os fins aos começos
Sem perder tanto sangue
Nas batidas do coração?

Como sair do sonho sem ter medo?
Sem o desespero de ficar assim
Tão simples.
Sem cerne definido.
Sem voo.
Sem infinito.
Apenas ali.
Entre o aqui e o lá fora.
Não tenho medo.
Não tem segredo.
Com qualquer nota
A vida me devora e eu volto,
Numa hora dessas ao entremeio.
Entre o passado e o futuro,
Eu recheio.

San Rodrigues

IF...


Se sou, fui
Se fui,deixo
Se deixo, desetorno
Se destorno, retorno
Na penumbra, enquanto as coisas acontecem,
Enquanto o vento primavera
E lá pelas tantas outono,
Vibra,
Soluça,
Rompe, rompe... rompe
Se fui, sou
Se sou, destino,
Se antigo... que desleixo
Sou papagaio do realejo.

San Rodrigues

ROÇANDO VERSOS...


Costurei manhãs com tarde,
Para vestir noites
Entre suas pernas.
Suavidades de cor roliça
E manto ardente.

Teus olhos me pediam
E minha língua te falava.

Tua resposta gemia,
Tuas ancas tremiam,
No eu e quem sabe,
no você.

Amalgamados.
Dentro e entre você com os dedos
Pelados caçando onde tua alma é vulcão.

Cavando teus seios,
Domando a erupção.
O gozo explode,
Como cinco noites de festa,
E nunca somos tudo,
Se muito, uma brecha.

Os espasmos dizem sílabas arfadas,
Respiros regressivos de uma morte doce.
Os corpos dissolvem
E escorrem,
Os olhos dissolvem e escorrem,
Os beijos dissolvem e escorrem

Para dentro de qualquer memória íntima
Como a vulva.
E os dentes ficam nus um para o outro.

San Rodrigues

TIVE RIA...


Tive muitos amigos
Tive muitas saudades
Tive muitos outonos
Tive muitas palavras
Tive a curva
Tive a estrada
Tive o entre
Tive o depois
Tive a ansiedade
Tive medo
Tive coragem
Tive um pouco de mim
E um pouco do outro...

San Rodrigues

BEM FUNDO...


Escorri lágrima,
Lenta,
Pesada,
Vermelha.
Respirada.

San Rodrigues

ENTRE MIM...


A distância mora entre a caneta e meu papel
Entre a virgem e o véu
Entre a calma e o escarcéu
Entre a reza e o céu

O peca do mora entre a boca e o beijo
Entre a rapariga e além Tejo
Entre a cócega e o sossego
Entre o toque e o desejo

O desespero mora entre a morte e a madrugada
Entre o peito e a espada
Entre o passo e a escada
Entre tudo e quase nada

O poema mora entre o aqui e o ali
Entre o que vi e o que sorri
Entre o ipê e o colibri
Entre eu e aquele ali

A saudade mora líquida e estanque
Entre o livro e a estante
Entre o eterno e o instante
Entre o respiro e o olhar distante.

San Rodrigues

UNDER...


Debaixo desta minha tampinha de silêncio,
Dormem os barulhos de todas as coisas
Que choram e riem baixinho.
Logo lá entre meus matizados cinzentos,
Dançam ousadas cores,
Valsa,
Humores,
Meio sérios,
Inteiros etéreos.
Mas quem acredita nos humores?
A brisa acredita nas flores,
E eu destampei o silêncio
Para ouvir poemas.
Quem sabe os verbos
Cerrem as algemas de mais um passo lido
E plantem um “dentro-de-mim”
Debaixo do silêncio.
Prometo só respirar.

San Rodrigues

REQUERIDO...


Me devolvam o silêncio
Que eu devolvo o viés da palavra
Me devolvam o sentido
Que eu devolvo quem sabe nada
Me devolvam o tom mais claro
Que eu devolvo a sombra ousada
Me devolvam aquilo volúvel
Que eu devolvo aquela devassa
Me devolvam a órbita
Que eu devolvo a estrada pesada
Me devolvam algum medo
Que eu devolvo alguma couraça
Me devolvam receios
Que eu devolvo malas da viagem
Me devolvam a brevidade
Que eu devolvo a passagem
Me devolvam o olhar
Que eu devolvo a paisagem.

San Rodrigues

SUCUMBINDO...


Tudo o que eu queria
Era um dia como esse...
De vasculhos e intensidades
Eu novamente na bifurcação
Virado
De toda a minha euforia
Tem um momento insistindo
Em toda minha resistência
Tem um eu sucumbindo

San Rodrigues

30/09/2012

UM GRÃO...


Ler é aprender a ler,
É inquietar o universo inteirinho,
Para ele morar gentilmente
E voraz num grão de palavra.

San Rodrigues

E VIU...


O poeta cavoucou o dia
E viu a raiz do caminho.
Lá estavam eles,
Todos os passos breves,
Dormindo para acordar minhas coisas de sonhar.

San Rodrigues

NOITE OCA....


O que eu faço com o grito
Grudado no teto da noite?
A noite é oca
E a memória fica pendurando badulaques nela.
Deduzi que a noite aquieta as cores.
Ardores.
Humores.
Menos eu.

San Rodrigues

ESSE CORPO TODO...


Meu Deus.
Como essas coisas de pessoas,
São um movimento pasmo.
Quilos e quilos de pontos de exclamações,
Interrogações e respirações,
Ofegantemente sérias.
Ser eu é ser outro no visgo.

San Rodrigues

QUANTAGEM...


Quanta alma cabe num respiro?
Quanta morte cabe num tiro?
Quanto alívio cabe num espirro?
Quanta ida cabe num caminho?
Quanta prosa cabe num suspiro?
Quantas asas cabem num ninho?
Quanta ironia cabe no destino?
Quantos pinos cabem no braço?
Quantas voltas cabem num abraço?
Quando retorno cabe no passo?
Quanta sanidade cabe na loucura?
Quanto negror dorme na alvura?
Quantos tufões moram na candura?
Quantos apertos moram na largura?
Quantas flores nascem na rachadura?
Quanta emoção cabe na razão?
Quanta virgindade cabe no tesão?
Quantos dedos cabem na acusação?
Quantos pés pisaram o chão?
Quanto de Deus tem no pagão?
Quantos cumprimentos cabem na mão?
Quanto queijo cabe no rato?
Quanto cheiro cabe no olfato?
Quanta pele cabe no tato?
Quanta oração cabe na igreja?
Quanta guerra cabe na peleja?
Quanta coisa na brisa adeja?
Quanta poesia o poeta planeja?
Quanta dureza cabe no bem?
Quanto ali cabe no aquém?
Quanto sucesso cabe a ninguém?
Quanta atenção tem no desdém?
Quanto deserto envolve o oásis?
Quanta nudez mora nos trajes?
Quantos olhares constroem a paisagem?
Quanto de nada há na quantidade?
Quanta idade mudou meu esquema?
Quanta dor pra fazer um poema?
E o necessário?
O ar e o ovário.

San Rodrigues

SUBVERTIDO...


Acordei pastando diante de uma manhã
Que me engolia.
Acordei bastando da sombra que me podia ser
Eu em algum refreio.
Comprei um livro
Para não gastar no susto
E subverti o silêncio com vozes escritas.
Assim, foi estrelando a vírgula.

San Rodrigues

PARTE...


Deus não é parte de minhas mobílias.
Nem de meus espaços.
Nem de meus apertos.
Deus não esta em meus segredos
E não ouso achá-lo em minhas revelações,
Nem em minhas crises e enxurradas.
Me excedo quando me derramo no olhar,
O poema da pupilas dilatadas
Cerne e carne,
Essência do acesso.
Deus é parte do meu medo.
Assim se não começam, as voltas não param.

San Rodrigues

ALGUÉM...


Alguém ouviu minha boca aberta
Soltando silêncios.
Eram coisas que eu buscava
Nos olhos de alguém,
No corpo das mãos doces de alguém.
Na tolerância de ninguém.
Alguém ouviu meus sons menos nítidos.

San Rodrigues

VONTADE VADIA...


A vida é a curva que se faz inteira.
Duvidada.
E antes de terminar o mistério do movimento,
Passamos pelo assombro.
Por cheiros perplexos,
Sons convexos,
Olhos feridos da fantasia.
Vontade vadia
E enquanto isso,
As palavras espantadas dormem.

San Rodrigues

ANTES...


Derramei um caderno em cima da mesa,
Cheio de liquidez da alma...
Ele derrama e escolhe uma resma de saudade;
Pergunta pela dor pulsante
Que treme, que freme,
Que violenta minha lenta admiração.
Antes de ir, me viro e desejo.
Antes do amor, o arquejo.
Antes da palavra o beijo,
Antes do rato, ou depois, o queijo.
E depois seco a mesa,
Seco os vestígios.
E depois?
Bem, depois é aquele instante
Que podia ser agora,
Mas que por vício
Eu só presto atenção depois.

San Rodrigues

PRÁ ESPIAR...


Ser poeta é o delírio desse ensandecido,
Que bota o mar na palavra água
que bota o rio na palavra margem,
que bota o ir na palavra viagem,
que bota o voltar na palavra saudade,
que bota ousadia em qualquer palavra idade.
Que faz a brevidade do meu olhar,
Olhar pela fresta da palavra eternidade.

San Rodrigues

FINS E AFINS...


Se existe espaço
Eu me então,
Entre o sarcasmo e o desejo.
Daqui de baixo
Minha insuficiência nomina deuses
E põe asas em querubins
Deus... me dê fins ou afins.
Me busca nos confins
Por que me diluo desajeitado
Por favor, meu corpo
Lança toda sua alma
Na primeira ousadia do mês
Perde uma ou duas palavras por ai
Destas que saem do excesso
Me deixando vítima da voz
Que esburaca o silêncio
E desfaz o milagre do olhar lento
Não sou grato nem ingrato
Estou crescendo enquanto me reviro.

San Rodrigues

ENTRA...


Abriram-se as portas...
Entra poeta.
Exale um canto...
Mostre teu encanto.
Diz-me com que palavras
Hás de tocar o coração.
Entra poeta,
A porta está aberta.
Diga com quais palavras se pode fazer
Um coração alegre.
Diga sem pressa,
Diga sem temor.
Mas não deixes de dizer,
Não deixes as falas de teu amor.
Entra poeta,
A porta é tua,
A porta é esta.
O homem que te pede,
A mulher que te encanta.
As falas que te chamam,
Não deixes, canta.
Entra poeta,
 A porta está aberta.

San Rodrigues

DA JANELA...


As palavras da boca
E as palavras dos olhos
Viram qualquer coisa
Nas águas do coração menino.
Tinha um cão sozinho no carro
Tinha um carro sozinho na rua
Tinha uma rua sozinha de árvores
Tinha um sonho de coisa alguma
Na angústia de alguém
Há algumas horas que eu inteiro não valho um vintém.
No meio do Barroco
Tem um parnasiano
Irrefuto, alegre, vidrado. Impoluto.
Meu Deus!
No meio de mim
Sobra um pouco de eu.
Mon Dieu, que coisa é essa de ser?

San Rodrigues

SE HÁ...



Se te ausentas, há paredes em mim
Se chegas, há paredes em mim
Se foges, há paredes em mim
Se odeias, há paredes em mim
Se silencia, há paredes em mim
Se escondes, há paredes em mim
Se escondes há paredes em mim
Se oblitera, há paredes em mim
Se alteras, há paredes em mim
Se revoltas, há paredes em mim
Se enjaulas, há paredes em mim
Fodendo com as bases da parede, há uma porta ousada.

San Rodrigues

DISCRETO...


O mistério que só cabe nos olhos
Infindo e discreto
No lugar onde nascem as águas
No berço, onde dorme a luz da lamparina
Do vento da asa da mariposa vespertina
Entre a pétala e a vida inteira.
A lágrima pingando no sorriso.
A mosca sem medo da aranha armadeira.
Entre um passo e um respiro,
Todos os mistérios do infinito

San Rodrigues

Letras e Atos...

Este espaço é um ensaio para a escrita fotográfica, aquela que vê a cena e provoca as palavras para que possam construir a metáfora da imagem.
Gravando as imagens do diálogo, dos gestos, dos paragrafos, do detalhe nos verbos, em assustadores substantivos e adjetivos maleáveis... que possam traduzir emoções guardadas num lugar secreto.

San Rodrigues

toda leveza nasce de um instante de reflexão...