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Olá...!

Estes poemas são lugares de minha casa emocional... sintam-se a vontade, estiquem as pernas e pensem em lugares da vida que pertencem as coisas da alma...

Sandro A.

Poetas e Escritores do Amor e da Paz

26/10/2011

INTRÍNSECO...


A saudade tem nostalgia
por um lugar que
o corpo não alcança
e lá no entardecer da vida
todas as lógicas são questionadas,
todas as pétalas são testadas,
todas as verdades contadas
no último capítulo;
se bem me quer, se mal me quer.
De tudo, achei haver mais um degrau na escada.
Minha coragem nunca
esteve ausente do meu medo.
Não tenho medo,
mas tremo e suo frio,
por que minha saudade
me olhou tão dentro dos olhos
que era eu quem me olhava,
com certo gosto na voz,
por que meu tempo
teve tantos sabores
e alguns toques amargos.
Minha saudade
fica num lugar que minha mão
nunca mais alcança,
mas não quero alcançar,
o tempo me ensinou,
me roubou tantos suspiros
e prometeu me matar,
mas eu insisto em dar corda
em meu coração,
até que um dia
ele alcance
e pare em paz.


San Rodrigues

POR TRANSIÇÕES...


Às vezes
sou a transição                                                                                  
de eu e esta próxima possibilidade;
mas só as vezes.
Às vezes sou,
Às vezes me torno,
Às vezes vou,
quantas vezes volto.
Às vezes me irrito,
de súbito acalmo,
De súbito grito,
Às vezes me calo.
Às vezes insisto,
me dano,
me quebro,
Às vezes me colo,
no resto que tenho.
Às vezes me mudo,
Às vezes me moro,
Às vezes me encurvo,
Às vezes imploro.
Às vezes amo,
nessas coisas de odiar.
Às vezes me odeio
com saudade de amar.
Mas às vezes,
quando as vezes é quase sempre,
me mudo da minha alma
e vou pra alma de um indigente,
planto nela um jardim e moro,
e acordo nela semente,
broto com calma.
Por que a calma é um recipiente,
que guarda minhas inconclusões,
e as vezes ou meus de repentes.
Às vezes.
Só às vezes.


San Rodrigues

NO FUNDO DO LENÇO...


Eu sonhei
um dia maior
que todos os anos,
mais largo que toda vida.
Mais profundo que a melancolia.
Mais longe que minha alegria.
Eu sonhei
com um dia
que coubessem a todos;
que estivesse você,
e que sobrasse um lugar
na janela para eu
me despedir de toda saudade,
que me lembra
o que minha memória parda
insistiu sofrer.
Eu sonhei,
por que insisti
usar minha tristeza
até a última gota de dor.
Até os olhos não saberem mais dizer
e chorarem tanto
que eu fique no fundo
de meu lenço de papel.
Ali, inerte,
levemente dobrado.
Porque sonhar
é meu primeiro ato
e minha última vontade.


San Rodrigues

ACORDEI...


Mas ainda sonho...
desde que morei na infância,
plantei cores
e bolhas de sabão,
risquei o céu azul
em folhas brancas
e dei corda em aviões de papel.
Faz tanto tempo;
que achei que meus sonhos
eram só uma memória.
Mas eu ainda sonho.
Quando a noite tinha dragões
e eu tinha medo,
guardei na coragem um segredo;
eu e meu sorriso eramos amigos,
até amanhecer,
e depois continuamos assim;
quando a semente brotou,
a árvore cresceu,
as folhas caíram
e o céu era o mesmo
e eu tinha crescido.
Mas eu ainda sonho.
E no fim do dia
eu sabia que os sonhos
merecem respeito,
por que moram num lugar
que vence a idade.
Acordei,
mas ainda sonho.


San Rodrigues

TANGÊNCIA....


Dez poemas passaram
por minhas veias,
mas só um,
mais tangente,
chegou ao coração
e levantou meu braço esmorecido
e ascendeu minha mais antiga saudade;
o olhar.
Essa luz que bruxuleia
enquanto o inseto voa,
essa passada tímida
que abrevia o fim do dia.
Durante tanta vida
foram morrendo minhas coisas,
por que é impossível
controlar esse intervalo
que me encerra.
Mas de uma dessas coisas
estou certo;
o poema fez revolução
quando alcançou o coração
e tangenciou a eternidade do poeta,
esse feiticeiro
que tenta encantar o crepúsculo
para impedir que
a noite profunda
engula todos os dias,
meus dias entre a infância
e a velhice,
esse lugar que cava a cova.
Mas o poema,
pelo menos um,
ousado de saudade,
curou o coração
e me disse que a solidão
são duas saudades
loucas para se encontrar.
E foi assim,
meio,
inteiro,
completo
quando um poema
alcançou o coração.


San Rodrigues

Letras e Atos...

Este espaço é um ensaio para a escrita fotográfica, aquela que vê a cena e provoca as palavras para que possam construir a metáfora da imagem.
Gravando as imagens do diálogo, dos gestos, dos paragrafos, do detalhe nos verbos, em assustadores substantivos e adjetivos maleáveis... que possam traduzir emoções guardadas num lugar secreto.

San Rodrigues

toda leveza nasce de um instante de reflexão...