Minha saudade mais antiga
Dormia num sorriso,
desses, pelas razões mais tolas,
nos dias mais comuns.
Sorrir de um dia lembrar
de jogar pedras no rio.
Sepultá-la no silêncio.
Quantas mil histórias
uma pedra tem para contar.
Minha saudade mais antiga
trombou algumas vezes comigo,
lá pelas duas da manhã
e eu esbarrei em alguns silêncios;
alguma coisa se machucou em mim.
Soube disso, sim, já havia me machucado outras vezes,
mas chorar era reter uma coisa
que não cabe na retidão.
Assim, fui virando uma página e depois outras,
e mais uma,
devia estar ali, em algum lugar
dentro de minha ausência,
bem ali.
Entre perguntas e essa saudade,
como Blake, via através dos olhos
e não com eles.
Assim, minha saudade,
entre o dia e o sopro,
foi cercando todas as células do corpo,
meus dias guardados ali
e foi buscando, martelando,
tudo para abrir uma brecha na fortaleza da matéria,
tudo para me procurar,
tudo para me achar,
e quem sabe outra vez,
só mais uma,
quem sabe três, dez mil,
eu pudesse sorrir, um sorriso desses.
Tolos de saudade.
San Rodrigues
As palavras são este lugar secreto em que nossa alma acontece, nós as olhamos, medimos, viramos, desviramos e as costuramos umas às outras, remamos com as palavras e nosso barco é este breve instante.
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Este espaço é um ensaio para a escrita fotográfica, aquela que vê a cena e provoca as palavras para que possam construir a metáfora da imagem.
Gravando as imagens do diálogo, dos gestos, dos paragrafos, do detalhe nos verbos, em assustadores substantivos e adjetivos maleáveis... que possam traduzir emoções guardadas num lugar secreto.
San Rodrigues
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San Rodrigues
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