
Era uma vez,
Quando esta história nasceu,
num tempo em que os seres humanos
ainda choravam de saudade.
O pequeno menino ouviu seu pai chamar.
A voz dos pais chamam os filhos
lá de um lugarzinho secreto na alma.
Seu pai o olhou em silêncio,
e é assim,
dizem que o silêncio tem sua maneira de dizer as coisas.
Com uma mão trouxe a criança
e com a outra lhe trouxe uma laranja em tampo.
O menino sorriu,
o pai sorriu,
o dia estava sorrindo
e um caroço da laranja caiu, livre;
toda uma lavoura
naquela alminha branca
e o chão a abraçou.
O instante passou,
outros vieram,
dias vieram,
sóis e luas vieram e foram.
O silêncio disse algo sobre a semente
e ela ouviu.
Acordou.
O pai se foi,
o menino cresceu e se formou pai,
e a semente seguiu lenta,
tímida
e foi se levantando forte,
venceu a casca, a terra e os anos,
chuvas, folhas, pardais,
e assim, o dia seguinte
dos dias seguintes,
mostrou seu poder.
Dias amigos e inimigos da semente.
Assim, a semente venceu
e se orgulhou do trabalho de ter raízes
e o sonho dançava suave na realidade.
Mas em árvore grande,
uma festa de laranjas,
ela ainda tinha a honra de se chamar semente,
e lá embaixo, o menino homem,
limpava a boca, num sorriso de paz,
lembrando do pai.
San Rodrigues
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