Espaço Idílico...

LEITORES...

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Olá...!

Estes poemas são lugares de minha casa emocional... sintam-se a vontade, estiquem as pernas e pensem em lugares da vida que pertencem as coisas da alma...

Sandro A.

Poetas e Escritores do Amor e da Paz

30/09/2012

UM GRÃO...


Ler é aprender a ler,
É inquietar o universo inteirinho,
Para ele morar gentilmente
E voraz num grão de palavra.

San Rodrigues

E VIU...


O poeta cavoucou o dia
E viu a raiz do caminho.
Lá estavam eles,
Todos os passos breves,
Dormindo para acordar minhas coisas de sonhar.

San Rodrigues

NOITE OCA....


O que eu faço com o grito
Grudado no teto da noite?
A noite é oca
E a memória fica pendurando badulaques nela.
Deduzi que a noite aquieta as cores.
Ardores.
Humores.
Menos eu.

San Rodrigues

ESSE CORPO TODO...


Meu Deus.
Como essas coisas de pessoas,
São um movimento pasmo.
Quilos e quilos de pontos de exclamações,
Interrogações e respirações,
Ofegantemente sérias.
Ser eu é ser outro no visgo.

San Rodrigues

QUANTAGEM...


Quanta alma cabe num respiro?
Quanta morte cabe num tiro?
Quanto alívio cabe num espirro?
Quanta ida cabe num caminho?
Quanta prosa cabe num suspiro?
Quantas asas cabem num ninho?
Quanta ironia cabe no destino?
Quantos pinos cabem no braço?
Quantas voltas cabem num abraço?
Quando retorno cabe no passo?
Quanta sanidade cabe na loucura?
Quanto negror dorme na alvura?
Quantos tufões moram na candura?
Quantos apertos moram na largura?
Quantas flores nascem na rachadura?
Quanta emoção cabe na razão?
Quanta virgindade cabe no tesão?
Quantos dedos cabem na acusação?
Quantos pés pisaram o chão?
Quanto de Deus tem no pagão?
Quantos cumprimentos cabem na mão?
Quanto queijo cabe no rato?
Quanto cheiro cabe no olfato?
Quanta pele cabe no tato?
Quanta oração cabe na igreja?
Quanta guerra cabe na peleja?
Quanta coisa na brisa adeja?
Quanta poesia o poeta planeja?
Quanta dureza cabe no bem?
Quanto ali cabe no aquém?
Quanto sucesso cabe a ninguém?
Quanta atenção tem no desdém?
Quanto deserto envolve o oásis?
Quanta nudez mora nos trajes?
Quantos olhares constroem a paisagem?
Quanto de nada há na quantidade?
Quanta idade mudou meu esquema?
Quanta dor pra fazer um poema?
E o necessário?
O ar e o ovário.

San Rodrigues

SUBVERTIDO...


Acordei pastando diante de uma manhã
Que me engolia.
Acordei bastando da sombra que me podia ser
Eu em algum refreio.
Comprei um livro
Para não gastar no susto
E subverti o silêncio com vozes escritas.
Assim, foi estrelando a vírgula.

San Rodrigues

PARTE...


Deus não é parte de minhas mobílias.
Nem de meus espaços.
Nem de meus apertos.
Deus não esta em meus segredos
E não ouso achá-lo em minhas revelações,
Nem em minhas crises e enxurradas.
Me excedo quando me derramo no olhar,
O poema da pupilas dilatadas
Cerne e carne,
Essência do acesso.
Deus é parte do meu medo.
Assim se não começam, as voltas não param.

San Rodrigues

ALGUÉM...


Alguém ouviu minha boca aberta
Soltando silêncios.
Eram coisas que eu buscava
Nos olhos de alguém,
No corpo das mãos doces de alguém.
Na tolerância de ninguém.
Alguém ouviu meus sons menos nítidos.

San Rodrigues

VONTADE VADIA...


A vida é a curva que se faz inteira.
Duvidada.
E antes de terminar o mistério do movimento,
Passamos pelo assombro.
Por cheiros perplexos,
Sons convexos,
Olhos feridos da fantasia.
Vontade vadia
E enquanto isso,
As palavras espantadas dormem.

San Rodrigues

ANTES...


Derramei um caderno em cima da mesa,
Cheio de liquidez da alma...
Ele derrama e escolhe uma resma de saudade;
Pergunta pela dor pulsante
Que treme, que freme,
Que violenta minha lenta admiração.
Antes de ir, me viro e desejo.
Antes do amor, o arquejo.
Antes da palavra o beijo,
Antes do rato, ou depois, o queijo.
E depois seco a mesa,
Seco os vestígios.
E depois?
Bem, depois é aquele instante
Que podia ser agora,
Mas que por vício
Eu só presto atenção depois.

San Rodrigues

PRÁ ESPIAR...


Ser poeta é o delírio desse ensandecido,
Que bota o mar na palavra água
que bota o rio na palavra margem,
que bota o ir na palavra viagem,
que bota o voltar na palavra saudade,
que bota ousadia em qualquer palavra idade.
Que faz a brevidade do meu olhar,
Olhar pela fresta da palavra eternidade.

San Rodrigues

FINS E AFINS...


Se existe espaço
Eu me então,
Entre o sarcasmo e o desejo.
Daqui de baixo
Minha insuficiência nomina deuses
E põe asas em querubins
Deus... me dê fins ou afins.
Me busca nos confins
Por que me diluo desajeitado
Por favor, meu corpo
Lança toda sua alma
Na primeira ousadia do mês
Perde uma ou duas palavras por ai
Destas que saem do excesso
Me deixando vítima da voz
Que esburaca o silêncio
E desfaz o milagre do olhar lento
Não sou grato nem ingrato
Estou crescendo enquanto me reviro.

San Rodrigues

ENTRA...


Abriram-se as portas...
Entra poeta.
Exale um canto...
Mostre teu encanto.
Diz-me com que palavras
Hás de tocar o coração.
Entra poeta,
A porta está aberta.
Diga com quais palavras se pode fazer
Um coração alegre.
Diga sem pressa,
Diga sem temor.
Mas não deixes de dizer,
Não deixes as falas de teu amor.
Entra poeta,
A porta é tua,
A porta é esta.
O homem que te pede,
A mulher que te encanta.
As falas que te chamam,
Não deixes, canta.
Entra poeta,
 A porta está aberta.

San Rodrigues

DA JANELA...


As palavras da boca
E as palavras dos olhos
Viram qualquer coisa
Nas águas do coração menino.
Tinha um cão sozinho no carro
Tinha um carro sozinho na rua
Tinha uma rua sozinha de árvores
Tinha um sonho de coisa alguma
Na angústia de alguém
Há algumas horas que eu inteiro não valho um vintém.
No meio do Barroco
Tem um parnasiano
Irrefuto, alegre, vidrado. Impoluto.
Meu Deus!
No meio de mim
Sobra um pouco de eu.
Mon Dieu, que coisa é essa de ser?

San Rodrigues

SE HÁ...



Se te ausentas, há paredes em mim
Se chegas, há paredes em mim
Se foges, há paredes em mim
Se odeias, há paredes em mim
Se silencia, há paredes em mim
Se escondes, há paredes em mim
Se escondes há paredes em mim
Se oblitera, há paredes em mim
Se alteras, há paredes em mim
Se revoltas, há paredes em mim
Se enjaulas, há paredes em mim
Fodendo com as bases da parede, há uma porta ousada.

San Rodrigues

DISCRETO...


O mistério que só cabe nos olhos
Infindo e discreto
No lugar onde nascem as águas
No berço, onde dorme a luz da lamparina
Do vento da asa da mariposa vespertina
Entre a pétala e a vida inteira.
A lágrima pingando no sorriso.
A mosca sem medo da aranha armadeira.
Entre um passo e um respiro,
Todos os mistérios do infinito

San Rodrigues

Letras e Atos...

Este espaço é um ensaio para a escrita fotográfica, aquela que vê a cena e provoca as palavras para que possam construir a metáfora da imagem.
Gravando as imagens do diálogo, dos gestos, dos paragrafos, do detalhe nos verbos, em assustadores substantivos e adjetivos maleáveis... que possam traduzir emoções guardadas num lugar secreto.

San Rodrigues

toda leveza nasce de um instante de reflexão...