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Olá...!

Estes poemas são lugares de minha casa emocional... sintam-se a vontade, estiquem as pernas e pensem em lugares da vida que pertencem as coisas da alma...

Sandro A.

Poetas e Escritores do Amor e da Paz

07/10/2011

BRINCA...

Deita menina...
deita nos braços desse dia,
faz amor com as palavras,
deixa nascer a poesia...
brinca;
sobretudo,
de tudo ria;
ria da ida,
da volta,
ria do caminho de vida.


San Rodrigues

UM SEGUNDO...

Esperar um segundo
para entender
é uma das coisas que leva mais tempo na vida.
Precisa-se de um primeiro breve intervalo,
para se começar entender qualquer coisa,
qualquer uma,
a mais simples delas.
Um segundo
e no outro descobrimos.
Um segundo.
Exatos 9.192,631.770 movimentos
dos isótopos no átomo do césio 133,
são a gestação e o nascimento do instante.
Os monges budistas tibetanos,
precisam de dois ou três segundos
para decidir onde colocar
um grão de areia
para compor um quadro.
É preciso um segundo
para decidir ou não,
para ver ou não,
para ir ou não,
para a flor,
o vento,
o mar,
a pedra,
o rio,
a vida...
a morte.
Para o próximo segundo,
um só.


San Rodrigues

DIMENSÃO...

A curiosidade de se estar por baixo,
é que se tem a impressão
de que tudo e todos são maiores
do que nós, um engano.
E a curiosamente,
ao se estar por cima
é achar que somos maiores
que tudo e todos,
um outro engano.
Tudo tem sua medida certa,
inclusive nós a nossa
e em nossa relação com a existência
tudo caberá em três dimensões;
a que damos,
a que nos dão
e a que de fato é.”


San Rodrigues

MEU RELÓGIO...

Outro dia olhei para meu braço
e vi meu relógio parado,
sim, marcando a mesma hora de um dia anterior,
uma hora antiga que já passara,
uma hora que eu não tinha prestado atenção
e a partir do qual,
por alguma razão ele decidiu não funcionar mais.
Sim,
a hora eterna”
eu preferi chamar assim,
o tempo de sempre para sempre.
Bem, eu me pus
no lugar daquele relógio
e entendi sua mensagem,
de que o tempo
brinca de se repetir
inesgotavelmente
e que não importa se ele pare,
se todos os relógios pararem,
é só ficar ali,
quietinho que daqui a pouco
vai ser a hora que ele esta marcando,
ele terá enfim,
trabalho pela eternidade toda,
se “toda” for uma expressão para eternidade...
mesmo assim paradinho,
todo dia irá trabalhar por um instante,
até o outro instante,
e depois outro, e outro numa dizima,
e nós acontecendo entre um e outro.
Uma maneira de fazer valer os ponteiros.
Eu acho que aquele relógio
sentiu-se feliz com a decisão que tomou,
ficou tranquilo ao invés de ficar dando voltas desesperadas,
parou e esperou;
na verdade ele pensou que com isto
poderia explicar aos que lhe cobravam o tempo,
que ele só avisava do tempo,
ele não era o tempo,
o tempo passava por ele,
e de certo ia embora,
e ele como todos os etéreos,
ficava para se dissolver em um segundo depois do outro.
Então ficar dando voltas
para alcançar o tempo inalcançável
não era mais trabalho para ele,
o tempo o alcançaria, e ele parado,
como um tapeceiro num ponto de ônibus,
tinha certeza de que o tempo passaria por ali,
e de que por um instante,
como em todos os outros tudo faria sentido.
Ele não devia nada a ninguém,
antes de ele existir o tempo já existia.
Tolas cabeças humanas,
que por sinal são as únicas que se preocupam em envolucrar o tempo,
e depois ver que ele é que o envolucrava
e lentamente décimo depois de décimo ia apagando a humanidade.
O relógio parado, parou por que tudo não cabia nele,
e todos buscavam tudo nele, almoços, jantares, reuniões,
aniversários, saudades, vidas e mortes,
e tudo é eterno e o eterno nunca caberia na brevidade de seus ponteiros.
Assim, ele não estava parado e deprimido,
ele estava parado e decidido.
Decidido a não desafiar o tempo,
que o venceria com uma brisa,
mas aproveitar o tempo,
única maneira de eternizar o instante
e estancar a eternidade.
Ele parou para vencer o tempo,
por que o tempo é vencido pelo olhar da sábia espera.
Pois a eternidade escancara a nossa brevidade,
e não estacamos para procurar o instante,
pois segundo o relógio parado;
é a única coisa que temos,
ou pelo menos parece que temos,
parar e contemplar.
O músico procura as notas nos sons,
e as notas são o instante nos sons eternos.
O pintor procura a cor nos pigmentos e nas combinações,
mas os matizes são eternos e o olhar o instante.
O escultor funde, pica, repica, desmonta e remonta formas
procurando uma expressão completa,
mas a expressão completa é eterna,
o material dele é o universo
e suas mãos são breves para moldar nele.
O bailarino quer tornar seu corpo leve e preciso,
numa luta entranhada com a gravidade;
quando pula suavemente não quer pular,
quer enganar o espaço na procura da experiência do voo.
Assim me disse o relógio parado,
ele disse que somos centenas de horas
que tem apenas um instante na mão,
um instante que constantemente passa,
nada mais, e ele parou, não por nada,
mas só para experimentar bem um instante de cada vez,
um dia depois do outro,
ele me olhou com uma ironia sábia nos ponteiros parados
e me disse Carpe Diem!
Eu apenas acenei.
Bom, fez certo o relógio de parar,
e quem quiser saber a hora deverá deduzir,
pois qualquer que seja a hora,
o tempo estará entre um e outro instante,
brevemente capturado por nós tolos.


San Rodrigues

NÓS...


E assim,
no próximo instante,
vamos ver
quem finge melhor
o que se é
de verdade.


San Rodrigues

DESCULPAS...

Queria abraçar 
a saudade que mora 
no meu futuro.
Um abraço 
que me desculpasse 
por ele ser assim,
com cara de antigo 
e alma de menino.
Mas o que são desculpas?
Até que elas gerem filhos tormentosos
para nos provar,
filhos da respiração mais profunda;
dos passos confusos,
dos olhares absurdos
a tudo que não entendi.
o arrependimento, 
a angústia,
a ansiedade,
o medo do daqui a pouco, 
o medo do à pouco, 
enfim...
me desculpem.


San Rodrigues

SILÊNCIO...

Talvez não haja silêncio,
talvez o que haja seja aquilo que não se pode ouvir.
Silêncio.
Leves silêncio na alma,
interrompidos agressivamente pelo vento forte,
a concepção romântica do silêncio é ilusória,
tranquilamente a marola do lago segue,
e então descobre-se na voz do outro,
do semelhante, o grito da insignificância,
somos uma marola,
que morre na margem, e morremos mais um pouco no próximo segundo.
É assim onde tudo começa e termina,
num monte de anos,
em um monte de dias no ano,
nas marcadas horas que limitam o momento,
no breve e eterno instante do implacável minuto,
o instante que nunca mais volta,
o instante que é impossível ultrapassar,
o instante incontrolável,
não domesticável,
a suave e irresistível marola entre o estreito espaço
entre o segundo e a eternidade,
o mais breve ato de pensar.
E a vida vai então para outra direção
e fica num lugar que chamamos de "sempre".
O silêncio,
o barulho,
a queda,
a árvore,
o marola.
A pedra.
Substantivos,
uns concretos,
outros nunca.


San Rodrigues

Letras e Atos...

Este espaço é um ensaio para a escrita fotográfica, aquela que vê a cena e provoca as palavras para que possam construir a metáfora da imagem.
Gravando as imagens do diálogo, dos gestos, dos paragrafos, do detalhe nos verbos, em assustadores substantivos e adjetivos maleáveis... que possam traduzir emoções guardadas num lugar secreto.

San Rodrigues

toda leveza nasce de um instante de reflexão...