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Olá...!

Estes poemas são lugares de minha casa emocional... sintam-se a vontade, estiquem as pernas e pensem em lugares da vida que pertencem as coisas da alma...

Sandro A.

Poetas e Escritores do Amor e da Paz

04/10/2011

ESPELHOS...


Meu espelho guarda coisas sobre mim,
todas ao contrário,
todas desmentidas,
assim inferidas,
entre o certo e o inconveniente,
entre o que acho ver
e o que vejo à uma jarda do espelho.
Acho que estou mais lá;
ao contrário de mim.
Antagônico.
Meu espelho mostra
todos os outros lados do absurdo,
do obverso,
da harmonia,
do estorvo,
do agrado,
da resistência,
desta minha resiliência,
do adverso.
Meu espelho me deixa nu de todas as minhas palavras
e me olho nos olhos,
e sou eu o reflexo.


San Rodrigues

NO SÉTIMO DIA...

No sétimo dia Deus não descansou;
bobice de quem tenha pensado
uma coisa assim de Deus,
essa eterna e imexível potência sentir-se cansado.
Ele sentou-se para palavrear
com anjos portentosos;
explicou-lhes como abrira as mãos
e deixara o universo escapar
para ser infinito.
Explicou-lhes de como encontrara
este grão tímido
e o convidara para ser a terra,
de que pegara as lágrimas mais profundas
da risada de um anjo
e fizera o mar,
que dera corda nos rios
para dançarem entre árvores e montanhas,
e fez cócegas na luz
e ela sorriu todas as cores.
No sétimo dia Deus não estava cansado,
estava chateado,
sentia que faltava um lugar no infinito,
uma flor no vale,
uma gota no mar
e certa curva no rio,
tinha certeza que faltava uma cor na luz;
explicou e balançou a cabeça dessaboroso.
Um querubim pensou por um dia,
coisa assim que dura mil anos,
e deu uma ideia nos ouvidos de Deus;
e Deus ouviu o querubim pela eternidade.
Sorriu.
E no sétimo dia
criou o poeta.


San Rodrigues

ESSA FOLHA...


Diante do papel casto,
a coisa se descoisificou
e o olhar virou orquídea,
a saudade virou mar,
o abraço um caminho,
a distância um parar,
os olhos um dia lindo,
uma lágrima o orvalhar,
um minuto minha vida,
toda vida a respirar.
Diante do papel incontaminado,
via em seu espelho
cardumes dourados,
dessas palavras que evitam vir a margem;
mas um dia as espanto de lá,
do fundo, para virem me dizer
nas águas de meu papel,
sobre a folha que foi caindo lentamente da árvore,
dançando,
esperando,
adormecendo
e eu encantado.


San Rodrigues

ONTEM...


Ontem, lá por volta de cinco minutos antes
da melhor hora do dia,
um poema campesino
fez amor com a geografia de minha alma.
Me levou três profundas respirações
e algumas lágrimas
e me deu aula de solidão
esse lugar,
o único lugar em que nascem as ideias.
E eu senti um peso súbito
que me levou ao fundo das coisas
que estão antes do meu olhar.
O poema campeiro,
meio rústico e sincero,
usava palavras com sentidos inteiros,
intensos, modernos, graves;
me falava de meus intervalos,
de minha alternâncias,
destas dissonâncias
e eu desembainhei austeridades de meu olhar,
mas rachei essas minhas pedras com um sorriso,
bati com firmeza de pelo menos uma esperança,
uma destas que flutuam frente a dimensão tensa.
Eu desvesti minhas frases,
deixei nus os paradigmas da infância,
corri desprotegido,
por que é assim que deve ser,
foi como o poema me disse
e olhou para meus pés,
e me falou de que deixaria algumas semente
de caminhos dentro de mim e me disse:
anda,
agarra o caminho com seus passos.
E fui guardando os dias no meu espaço pequeno,
dilatando novas parlendas,
fazendo acordos com minha essência,
violando a fé para afirmar minhas certezas.
Doíam pés, mãos e abraços;
e no fim de alguma tarde
de um silencioso e desesperado grito,
no meio de meu homem feito,
nasci.


San Rodrigues

Letras e Atos...

Este espaço é um ensaio para a escrita fotográfica, aquela que vê a cena e provoca as palavras para que possam construir a metáfora da imagem.
Gravando as imagens do diálogo, dos gestos, dos paragrafos, do detalhe nos verbos, em assustadores substantivos e adjetivos maleáveis... que possam traduzir emoções guardadas num lugar secreto.

San Rodrigues

toda leveza nasce de um instante de reflexão...