Espaço Idílico...

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Olá...!

Estes poemas são lugares de minha casa emocional... sintam-se a vontade, estiquem as pernas e pensem em lugares da vida que pertencem as coisas da alma...

Sandro A.

Poetas e Escritores do Amor e da Paz

15/10/2011

FECUNDA ESPERA...

Na pergunta é fecunda a espera,
na espera é tensa a busca;
na busca é instante a dor.
Na dor é eterno o choro,
no choro são vermelhos os olhos,
nos olhos acontece a visão,
na visão é certo o olhar!
No olhar eu acho e entendo,
no entender eu me satisfaço;
na satisfação eu nem pergunto,
com a pergunta eu compreendo,
com a compreensão eu sinto desejo,
com o desejo eu inflamo os dias,
os dias desmontam minhas bisbilhotices,
e depois quando me sobro
volto a fazer a pergunta
que fecunda a espera.


San Rodrigues

LÁ NO FUNDO DE TUDO...

Quando meu dia foi envelhecendo,
vi que certa lógica
criou as distâncias,
mas esqueceu que existia a saudade.
Sentei-me e procurei
em meus cemitérios,
as covas de minhas melhores ideias,
todas as que proibi de nascer,
mas a semente doma e amansa a terra,
e triunfa nela.
Assim, minhas ideias
desmentem o obituário.
Mas no fundo das mortes,
certa vida insiste,
intervem,
intercede.
Fiz uma pausa
e a vida respirou,
fiz silêncio
e cada palavra suspirou.
Alcei, e a alma aspirou,
e as tintas de minhas palavras
caíram no papel profundo
e pintaram o escuro
e o corpo desistiu de tirar da cabeça
o que estava no coração,
quando meus sonhos começavam a morrer
vítimas de minhas certezas.
Certezas, essas coisas
que querem nos fazer acreditar
que o sol é só uma estrela.
Mas morri na monografia
e ressuscitei na poesia,
e no subterfúgio deste instante,
as dores acalmaram.


San Rodrigues

ESSA COISA DE ENCERRAR...

O pássaro encerra o voo,
o voo encerra o céu,
o céu encerra o sonho,
o sonho encerra o menino,
o menino encerra o homem no meio da noite.
A noite lamenta,
mas encerra.
O instante encerra o tempo,
o tempo encerra a hora,
a hora encerra meu quinhão
nesse breve esquecimento.
O esquecimento encerra a palavra,
a palavra encerra tanto,
tanto encerra o que eu queria dizer,
dizer nunca encerra tudo.
Tudo é um lugar no papel.
O papel encerra a ousadia,
a ousadia encerra a mão,
a mão encerra o poeta,
que no dom de diluir
se encerra na caneta.
E a caneta inclina
e encerra meu poema.


San Rodrigues

EU INSTANTE...

Os anos subestimam o carbono
e no verão ele acorda diamante,
dessas coisificâncias e paradoxos
que acontecem em algum lugar em mim.
Um dia desses,
na beira de meu olhar,
uns pensamentos andaram
por um denso nevoeiro;
silencioso,
repulsivo,
e eu,
esse fragmento que mora dentro de mim
e as vezes sai e volta,
e pergunta
e rosna,
me coloquei como homem
em qualquer lugar,
com toda minha lenta imprecisão;
dei-lhe poder
e lhe tirei status,
dei-lhe forças
e enfraqueci-lhe os passos
e deixei-me em qualquer lugar
parado ou me movendo
e testei a morte,
se passando não me levava.
Um dia o nevoeiro se desfaz
ou me desfaço,
me esqueço,
me ignoro
e no fim de qualquer vida
me adoto,
como filho legítimo
da última gota de esperança
que se junta as outras
e faz o mar.
Lá por volta dos dias
me revirei,
dobrei uma esquina em mim
e me encontrei
acordando;
eu diamante,
eu instante.


San Rodrigues

Letras e Atos...

Este espaço é um ensaio para a escrita fotográfica, aquela que vê a cena e provoca as palavras para que possam construir a metáfora da imagem.
Gravando as imagens do diálogo, dos gestos, dos paragrafos, do detalhe nos verbos, em assustadores substantivos e adjetivos maleáveis... que possam traduzir emoções guardadas num lugar secreto.

San Rodrigues

toda leveza nasce de um instante de reflexão...