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Olá...!

Estes poemas são lugares de minha casa emocional... sintam-se a vontade, estiquem as pernas e pensem em lugares da vida que pertencem as coisas da alma...

Sandro A.

Poetas e Escritores do Amor e da Paz

03/12/2011

E NO ENTÃO ME REFAÇO...

Eu tenho em mim,
algo em torno
de um milhão de perguntas;
quem sabe um pouco mais.
Quem sabe
não dói mais.
Quem sabe
haja paz.
Quem sabe
eu não saiba mais nada.
Quem sabe assim
eu crie asas
e invada o céu.
Quanto custa a noite?
Tenho tantas perguntas,
que não cabem na decência.
Deus é uma coisa
ou uma ausência?
O dia de dentro
de todas as almas
é um mistério,
e Deus não ousa danificar.
Os outros sim!
Não são Deus...
Fui um fio d água
que sonhou ser rio
e morreu numa poça
que refletia o sol.
Caprichosamente fui me ferindo,,
me mutando,
e no meio da noite,
num beco,
numa pergunta.
Me violentei.
Que coisa é esta de ousar,
quando não resta
mais um sopro pra olhar
e todas as sílabas
desistiram da frase,
se desquitaram
e adulteraram com pronúncias requintadas.
Inventadas.
Frias.
Puta que o pariu”.
Um palavrão tem mais verdade que um adeus.
Fiz um monte deles;
iguaizinhos a este,
e me mandaram
uma montanha deste lá pra casa.
Amarrados numa pedra.
Filhos da mãe deles,
por que os da minha,
não sabem exatamente quem choro.
Eu não tenho dúvidas de quem sou.
Portanto inauguro hoje,
o dia internacional,
de ser eu mesmo,
e no fim da minha cretinice,
sorrir
e parir antigas vontades domadas.
Capadas pelo hemisfério sul.
Ainda bem que eu
não tenho as palavras,
assim saio da alma para caçá-las,
e me volto com poemas abatidos
e eles me desempalham
e respiro vivo.
Obrigado Deus,
página que não conheço.
Pelas palavras ausentes
que me jogaram na correnteza,
e embasbacado conheci
o mar que mora toda tarde
em minha alma.
Não me deito com respostas;
São cortesãs.
Fêmeas decaídas.
Deitam-se com qualquer um
e fingem que gostam.
Mas perguntas,
elas são e não são,
se desaparecem na arrogância,
vestem luto,
e vermelho
e vibram lascivas no desespero.
Abraçam e a mão alcança
os lugares por onde pingam desesperanças.
Perguntas são filhas da arrogância ingênua.
E eu,
com um milhão delas;
indo,
voltando,
saindo,
chegando.
Sendo,
restando.
Certo Gullar,
certo Ferreira,
certa Cecília,
certo Bandeira.
Não me demito das perguntas.
Amém.


San Rodrigues

RETORNEM PARA CASA MENINOS...

Combinei com meus pulmões,
reservar-me pra sonhar.
Separar ar
pro respiro,
pro suspiro
e pra aspirar.
Combinei ser mais vogal,
desmedido,
mais gaiato.
Unido no ditongo,
dividido no hiato.
Forjei um verso robusto,
empolado,
alexandrino,
caminhei com ele léguas;
terminei no meu destino.
Encerrei-me no que falo,
nesta breve poesia.
Para sentimentos exilados,
Fiz versos de anistia.
Voltem a sonhar,
Voltem a sonhar,
Voltem a sonhar!


San Rodrigues

FUNCIONEI...

Desliguei a luz,
desliguei o rádio,
desliguei a fúria,
desliguei o ódio.
Desliguei o óbvio,
desliguei a resistência,
desliguei a tirania,
desliguei a impertinência,
desliguei o tesão,
desliguei o sucesso,
desliguei o verso,
Desliguei o inverso.
Desliguei a explosão,
desliguei o veneno,
desliguei o verão,
desliguei o inverno.
Desliguei os passos,
desliguei o caminho,
desliguei o sonho,
Desliguei o ninho.
Desliguei a cultura,
desliguei a informação,
desliguei o complicado,
Desliguei a confusão.
Desliguei o amanhã,
desliguei o passado,
desliguei o hoje,
só deixei o agora ligado.
Ai comecei a funcionar.


San Rodrigues

PASSARINHO...

Nuvens passam,
Passam europeus,
passam tupinambás,
passa o sol
e na noite
o girassol dorme só.
Passam romanos
e Xerxes morre como eu.
Passam bambus,
passam araucárias,
passam as geografias,
passam passos na estrada,
passam pestes e ateus.
Nietzsche passou
e os faraós de Gizé,
passou Walt Whitman
e Patativa do Assaré.
No passado
estão meus passos,
pais do meu caminho.
No futuro
eu me voo.
No futuro eu passarinho.


San Rodrigues

MURO VÍRGULA...

Nasci entre duas eternidades,
a flor
e a saudade.
Com meus genes insubmissos.
Morando-me
e eu debaixo de seu peso.
Me mudei para
um sorriso aflito,
levantei muros,
desses que a relva invade.
Os muros não são perfeitos.
O que está dentro,
pergunta pela vida
do lado de lá.
E antes de a vida terminar,
meu muro fugiu.
E fiquei com tanto espaço em mim,
que cavei um rio abusado,
que foi dormir no mar.
Plantei uma montanha,
que cultivava nuvens.
Colei árvores
e brotaram ararinhas,
pintei um arco-iris todinho
com as cores de minhas verdades,
me ausentei,
por que é assim,
os poemas são feitos
de eternidades.


San Rodrigues

EDELWEIN...

Cai no abismo,
para onde a alma em luta vai,
tinha certeza do destino
fui colher minha Edelwein.
Resisti ao frio das palavras sutis
e ao calor de verão das amizades,
só fui buscar a flor no penhasco,
por que do penhasco
se vê a verdade.
Meio desespero.
Meio saudade.
Todos os passos antes
de o caminho encerrar.
Todo o caminho
antes do passo se replicar.
Eu e meus acontecimentos.
Eu em meus acontecimentos.
Eu me acontecendo .


San Rodrigues

FERMATA...

Senhoras e senhores,
filhos de genes milenares,
absorvam a saudade,
espantem a gravidade,
ausentem ansiedades abissais.
Senhores e senhoras,
de solidões revoadas,
eu preciso inventar
novas palavras,
vozes revolutas,
passos delgados
movendo solavancos,
espasmos,
ardores sagrados.
Eu e meus enganos,
senhoras e senhores
quero dormir Lenine
e acordar Caetano.


San Rodrigues

SÍLABA ENCANTADA...

Nem só de leito
o rio viverá,
mas de todo dia
caminhar pro mar.
Cuidei de uma poesia
do berço a tumba.
Lhe dei mel,
revoltas
e asas.
Cavei tão fundo
que saí inteirinho
numa lágrima;
ousada,
furtiva,
que afoga os olhos,
coura a respiração
e faz a mais dolorida das rimas
ser instante que mora no verso.
Por que hoje,
só dura hoje mesmo,
amanhã isso acaba.
Foi assim
com o arco de Paganini,
Foi assim com a aurora,
na alma contente a vida demora.
Falei minhas prosas para o vale,
e ele as repetiu pra mim;
minha voz,
meu olfato,
meus objetos,
meu tato.
Nada disto me é.
No tudo disto não sou.
Sou reservo ao direito de me regressar
para a rigidez da pétala.
Que o vento balança,
que a brisa leva,
que a sílaba encanta.
Que o verso completa
e no fim do rio,
quando começa o mar,
o desejo do aflito é cavar
no riso
a cova do poeta.


San Rodrigues

Letras e Atos...

Este espaço é um ensaio para a escrita fotográfica, aquela que vê a cena e provoca as palavras para que possam construir a metáfora da imagem.
Gravando as imagens do diálogo, dos gestos, dos paragrafos, do detalhe nos verbos, em assustadores substantivos e adjetivos maleáveis... que possam traduzir emoções guardadas num lugar secreto.

San Rodrigues

toda leveza nasce de um instante de reflexão...