Espaço Idílico...

LEITORES...

Powered By Blogger

Olá...!

Estes poemas são lugares de minha casa emocional... sintam-se a vontade, estiquem as pernas e pensem em lugares da vida que pertencem as coisas da alma...

Sandro A.

Poetas e Escritores do Amor e da Paz

04/01/2012

ALMA PURA...

Se as palavras se aproximam,
as escreve.

Se elas vestem,
as dispa.

Se insistem,
as toque.

No toque há visita.
Se embrenha em todo o não dito,
e no meio do só,
do eu,
do outro.

Faz silêncio,
faz mesura,
No meio do pecado
tem uma alma pura.

Todas as palavras estão
cheias de um tipo de ar
que eu devagarzinho
respiro.


San Rodrigues

BROTO...

A semente
desabotoou 
          a casca
      e mostrou 
                      para a terra
sua primeira espinha.
                  A terra sorriu
              e contou 
                  sobre arvorear
                              ao broto adolescente.


San Rodrigues

DESCASCA...

A terra,
com a semente
no colo,
não sabia
como explicar,
mas garantiu
à sementinha,
que debaixo
da sua casca
tinha uma
lavoura inteira
de sorrisos laranja.


San Rodrigues

EM BOLA...

Dei
uma
bola
na mão de uma criança,
ela foi pro quintal
e
brincou
de
eternidade.


San Rodrigues

PELADO...

O poema, esse parnasiano,
Brota todo pelado
e rebelado,
com uma risada de Olavo,
ousada e sonsa na cara.
Cheio de vergonha,
o poeta mais romântico,
vai no armário,
pega verbos azuis listrados
adjetivos de hálito febril,
substantivos órfãos de vontade
e veste o poema de nominalidade,
e deixa ele,
uma dessas figuras.
Coisa de linguagem.
E o poeta,
estivador de quimeras,
de ar e duração flanada.
Vasculha na palavra,
a roupa certa pro poema.
Mas quem veste um grito?
Um suspiro?
Um desejo?
Quem veste o vento?
Uma bolha?
O momento?
Cada verso é epifania
e bagunça que inverte
a largura e o comprimento.
E no fim do evento,
somos nós sem ressarcimento.
Poeta calado,
feliz
e realizado,
vestiu o poema
de toda linguagem,
regra
e metragem,
mas passou a vida
com a alma pelada.
Benditos os nus,
pois deles é a poesia.


San Rodrigues

CRONOVITA

O tempo trinca
os mármores de Creta,
invade e marca
o rosto jovem de Greta.
Diz silêncio as marchas
e revoluções,
aquelas que lutam
nos pés e olhos,
mas nascem nos corações.
O tempo abre frinchas
em todas as minha durezas.
Meu Deus,
quem penso que sou
com estas frágeis certezas?
O tempo toca
e desafina o piano.
Violenta o passo,
a poça,
a pressa,
e o pano.
Murcha a laranja,
a maçã
e meu orgulho,
me encerra no meio da festa;
do viço
e do marulho.
Ao tempo,
nem o tempo do relógio resiste,
avança,
invade,
permanece.
Insiste.
O tempo curva,
doma e doutrina impérios,
junta o norte com o sul,
costura os hemisférios,
faz paz em um tufão
e um tufão em
qualquer delírio.
Meus Deus,
como é nobre
e poderoso o lírio.
O tempo esgota os números,
apaga estrela,
lento desliga as pessoas.
Deserta abundâncias,
Desespera tristezas.
O tempo todo dia
desafia Deus.
E Deus ri gostoso
dessa criança.


San Rodrigues

RUÍDO...

Pedra,
passo,
rangido,
passo,
pedra,
rangido,
range a pedra no passo,
passo range na pedra,
passo rangendo a pedra.
Para!
A mão estréia e pega a flor!


San Rodrigues

PRONOME...

estava
o
eu
chorando.
Sozinho
e com alguns pensamentos escolhidos a dedo.


San Rodrigues

LASCA...

Cada vez
que o escultor
feria a pedra,
silencioso
o cinzel dizia:
Haja!
E assim se fazia.


San Rodrigues

BOAS VELHAS...

A pedra ouviu
Puccini,
viu as bailarinas de
Degas,
o Cirque Du
Soleil,
leu Faulkner
e Heidegger.
Se aproximou
das cores de Cancline
e das teorias de Kepler.
Viu as partidas
de Karpov,
e os lances
de Lasker.
Assistiu Luzes da Cidade
e leu tudo de Lobato,
Viu a Arara voar,
viu as fotos de Salgado.
Entre uma cor,
uma nota,
um odor e um movimento
a pedra mexeu,
rachou a casca dos anos,
lentamente e lenta cedeu
à duas asas nascendo,
depois o bico,
o trino
e o voo.
Se os passos não voarem,
as próprias pedras voarão.


San Rodrigues

COM FUSO...

Lenta e passante
a saudade
de meu próximo
instante delgado.
Me refutava,
com apenas fragmento sonhado.
Mas refutei a insensatez,
admiti a invalidez do passado
e guardei sementes
de futuro
na brecha
de minhas coisas concretas.
Para o verde
vencer o muro.


San Rodrigues

PERFEITO...

Equilibrava nas palavras
que comem gente,
todas as suas acepções.
E não sei como equilibrava
a ânsia.
De pé,
deitado,
ausente, amargo,
tão divergente.
Ficava sempre
entre o bemol e o sustenido.
Neutro na tarraxa,
rosnado no estribilho.
Não sei como se equilibrava,
as vezes caia.
Incerto planava,
de certo ruía,
tão certo voltava,
em delírio fugia.
Não sei como equilibrava
os pontos cardeais,
com os pecados capitais
e as redes sociais.
Perfeito!
Tinha anistias
para as frustrações encarceradas
desde o último natal.
Não se perdoava,
mas não morria,
porque de alguma forma,
ainda se equilibrava
nas palavras insaciadas.


San Rodrigues

SILENZIO...

Há o silêncio da estrada,
há 0 silêncio das estrelas,
há 0 silêncio da espera,
há 0 silêncio da pedra,
há o silêncio do lago,
há o silêncio dos ventos,
há o silêncio imenso,
há o silêncio da catedral,
há o silêncio da oração,
há o silêncio do coração,
há o silêncio do medo,
há o silêncio das folhas lidas,
há o silêncio da caneta patinando,
há o silêncio dos barulhos,
há o silêncio da morte,
há o silêncio do silêncio.
   E
      o
        curió
                cantando
                              para
                                     embarulhar
                                                          todos
                                                                   os
                                                                        silêncios.


San Rodrigues

VAGO POR...

A noite foi vazando
por entre meus sensos.
Lenta,
pingada,
goteira
em cima da minha
indolência.
E a consciência
foi ficando diluída,
dissolvida,
menos precisa,
menos densa.
A noite vazou
até a última gota
e minou minha resistência.
Noite mole em alma dura...


San Rodrigues

OBLÍQUO...

E no fim
me sou,
o que sonhei ser,
antes de “o fim”
deixar de ser
substantivo.


San Rodrigues

Letras e Atos...

Este espaço é um ensaio para a escrita fotográfica, aquela que vê a cena e provoca as palavras para que possam construir a metáfora da imagem.
Gravando as imagens do diálogo, dos gestos, dos paragrafos, do detalhe nos verbos, em assustadores substantivos e adjetivos maleáveis... que possam traduzir emoções guardadas num lugar secreto.

San Rodrigues

toda leveza nasce de um instante de reflexão...