Espaço Idílico...

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Olá...!

Estes poemas são lugares de minha casa emocional... sintam-se a vontade, estiquem as pernas e pensem em lugares da vida que pertencem as coisas da alma...

Sandro A.

Poetas e Escritores do Amor e da Paz

16/12/2011

AURORA QUALQUER HORA...

A aurora
infinca no peito
da noite,
o sol do dia inteiro

e bem a tardinha,
a noite se vinga,
lírica
do dia etéreo

e o envelhece melancólico.

Batalha de titãs.
Deuses passarinhos,
cores em correnteza,
cheiros frios,
olhos ancestrais,
pingados de marulhos.

Dobrei
o
papel
e
guardei
o
poema
no
da
garganta.


San Rodrigues

TANTO E MENOS...

O mundo gira todo
inteiro para fazer todo dia,
um dia e uma noite
e colocar minha vida
inteirinha dentro dele.

Tudo lento,
alucinadamente rodopiando
num tufãozinho
de retrocedências
e invasões.

Daqui ao próximo
movimento do átomo
mais verde-oliva,
cabe tanto,
cabe tudo,
cabe torno,
cabe entorno,
a dúvida e o retorno,

o célebre e o entulho.

No dia
cabem todos os instantes
ausentes,
todos os respeitos
e universos de balbúrdias.

Partidos e repartidos no ocaso.
Afetos rebeldes,
que cabem
no jardim das cerejeiras,
no berço de Tchekov.

A lentidão que fornica
com o mistério
e pendura a palavra
na parede rachada.

O dia tem espaço,
pá órbita do prego
e do parafuso.
Do espaçoso
e do obtuso.

Cabe a flor
e a beira da floresta,
a abelha
e a larva da colmeia.

A curva
e o continente incontinente.
O puritano e o indecente,
servo da fé sinuosa,
que dança lasciva
e fervorosa.

No dia não cabem eufemismos.
É o dia todo que cabe neles
e o medo vai para todas as formas,
compassadas ou não
e coça as entranhas.

O berço.

O dia tem entranhas
e o meu resto de dias
picados na memória
ficam nascendo e morrendo lá.

Coisas assim,
não tão estranhas,

mas que vão e vem
demorando a explicação.

Yo con mis sueños.


San Rodrigues

15/12/2011

E AGORA SEU ZÉ?...

De vez em quando
acontece tanta coisa
no berço do intervalo
minha gente,
comigo inteirinho.

Da folha rasgada
a alma vazia,
de vez em quando
é oito horas,
de vez em quando
é amanhã,

de vez em quando
é tanto ano,
de vez em quando
eu quase amo.

De vez em quando
é toda vida,
de vez em quando
aturdida.

De vez em quando chove,
de vez em quando seca

de vez em quando Deus perdoa,
de vez em quando o verbo peca.

De vez em quando nasci,
de vez em quando morri,
de vez em quando nós todos somos.

De vez em quando cinquenta anos.
De vez em quando terminou.

De vez em quando recomeço,
de vez em quando mosquito,
de vez em quando esterco.

De vez em quando me acordo,
de vez em quando no sonho,
de vez em quando me imploro,
de vez em quando me imponho.

De vez em quando
nunca mais serei eterno,
descobrirei que no intervalo
fico menos,
fico terno.

De vez em quando é tanto tempo,
que não cabe em minha pressa.

De vez em quando
a vida é José.
De vez em quando
a vida é festa.


San Rodrigues

VENTILA DOR...

E uma alma leve
planava em cima
de meus verbos tensos.

Quando eles se dobram
e o tempo os venta longe.

Adjetivos lentos
e vastidão de arrebentos
que acontecem na semente,
na casca,
na flor,
e derramam um jardim inteirinho
na boca da tarde.

Deus morreu em minhas saudades
e ressuscitou nas idades que eu plantei.

E o medo disputou raízes
nos lírios e begônias.

Sementes de Leminski,
Teles e Bilac
giram o sol
nesta alma de versos extensos
e eu plano.

Vento ia,
ventoinha,
ventania.


San Rodrigues

IMANÊNCIA...

O dia aguenta,
a pedra olha,

a noite vaza,
a pedra molha,

o vento cega,
a pedra esmola.

O triste pesa,
a pedra chora.

O ano enverga,
a pedra orna.

O galho cai,
a pedra flora,

o sonho vai,
a pedra volta.

O amor resmunga,
a pedra implora.

Deus se muda,
a pedra ora.

A culpa é culpa,
a pedra adora,

o fim se vai,
a pedra dura.

No meio do caminho estavam eus.
Eus estavam no meio do caminho.


San Rodrigues

14/12/2011

ÍNDIGO...

Asas remando
no índigo blue.
Garras capturando nuvens.
Minha evasão.
Olho do penhasco
para a altura de baixo.
Deus plantou uma águia
na minha ousadia.


San Rodrigues

PLANAR...

Acendo a vela,
que acende as sombras,
que acende a página,
que acende mil palavras,
que acende os olhos,
que acende a euforia,
que acende o horizonte,
que acende as asas,
que me ascendem.


San Rodrigues

UM PONTO...

Te beijei
com os olhos
equilibrados na ponta
de meus dedos
dos pés descalços.
Se o beijo é esse Arquimedes,
dai-me um
e moverei o mundo.


San Rodrigues

FAUNOS...

O poente
magoado,
Engolia
o sol eufórico.
E eu
anoitecia.
Enegrecia.
Enlouquecia.


San Rodrigues

FINZINHO DE AR...

Sabe...
tenho duas saudades em mim...
Uma longa
e uma instante.
Esta mais breve
me lembra do respiro
e a mais longa,
de quão longe
se pode chegar
só por respirar.
Saudades assim nascem no
finzinho da tarde.


San Rodrigues

CORA, CORA...

E Deus fez o poeta
do pó das letras
e soprou em suas narinas
os verbos da poesia.
O poema despertou
e fez amor com mil saudades
e alguns desesperos.
Daí nasceu o dia seguinte.
Tolerável.
Enflorado,
menos denso.
Mais Coralina.


San Rodrigues

FIM DE MORPHEUS...

Entalho
poemas
na
noite
sonolenta.
Quando
todas
as
minhas
palavras
indomadas
cavalgam.
Eu,
o
silêncio
e
os
barulhos.


San Rodrigues

DESCARADOSIA...

Frida de coisas indomáveis.
Rimbaud de palavras
perdendo a decência.
Eliot e ausências bravias.
Warhol inquietando as
coisas sérias e tardias.
Oswald com todos os Andrades,
esticando uma semana por 22 milênios,
Comendo gente.
Renitentes com os renitentes.
Anita Tonitruante com as tempestades.
Meus Deus!
Estou com as palavras delirantes
numa febre de poesia.
Quem me domou?
Em que respiração estou?
Qual minha cor embaixo da pele?
Quem me formou que me leve.


San Rodrigues

MIMÉSIS...

Atrás da poesia
moram espantos
e apaixonados desesperos,
corações de vermelho rachado,
flores nascendo
na frincha da hesitação.
Eu no poema voo
enquanto ando pelo chão.


San Rodrigues

EX CENTRO...

Eu ando lentamente e paro,
eu paro lentamente e respiro.
Eu respiro lentamente e choro,
eu choro lentamente e odeio,
eu odeio lentamente e abandono,
eu abandono lentamente e desespero,
eu desespero lentamente e fujo,
eu fujo lentamente e escrevo,
eu escrevo lentamente e amanheço,
eu amanheço lentamente e abraço.
Eu abraço lentamente
e lento faço tudo
com certa
pressa de
amar.


San Rodrigues

DEUS E EU?...

Eu depois de perder tantos eu,
ainda tinha alguma virgindade.
Passos não andados,
sons que estavam
saindo dos rins para a voz,
olhares ainda íntegros.
Nem verdades,
nem mentiras.
Apenas os pensamentos
em estado líquido
sinuando toque.
Deus veio na viração do dia
e perguntou pelo eu.


San Rodrigues

LETRATOS...

As fotos são uma dança
de cores alternativas.
Um esquife,
esperando que a saudade o olhe,
para que volte a respirar.
Respirar.
As fotos só respiram
nos olhos de quem vira o álbum.
Cada folha,
cada alma pintada,
colada até amarelar
e ficar sépia.
Tenho uma foto do vento de perfil.
O vento ia carregando
as folhas secas,
e uma ia dizendo a outra,
as palavras de outono.
Ai peguei a pena
e dedilhei sutis palavras,
amarrei um, dois, três sorrisos
num passarinho
e me levei de olhos pálidos.
Onde moram as memórias, todas minhas.
Todas irmãs do poeta.
Um soneto se excedeu de mim
e ficou assim,
livre naquelas fotos.
Damas amarelas.


San Rodrigues

LUZ DE VÉU...

A luz da vela excedia
a cera e o pavio.

T
o
d
a
s

as sombras nas minhas saudades dançavam.
Meu olhar
escorria com a luz.

c  v   q
o  a  u
r   s   a
t   o  d
i   s   r
n      o
a       s
s

lentamente lambidos
pelo fragor do bruxuleio
em borra.

As palavras escapavam da ponta da pena
e dissolviam,
virando poema e grudando em meus vãos.
Prosas soprando brisas.
Soprando brisas.
Brisas.


San Rodrigues

SÓ FIGURO...

A madrugada invade
a superfície do verso

Escorre nas veias,
Bombeado de coração,

alma e fleuma.

Respirado,
suspirado,
expirado,

inspirado
                    de
                    prosódias.

O tecido do medo é espesso.
Enquanto os minutos gotejam
me ensopo de ânsia.
                               Tudo é um no desespero:
madrugada,
superfície,
alma,
verso,
coração
e pronomes.

                                   Só na estrofe sou real,
                                   no resto sou figura de linguagem.


San Rodrigues

E O VERBO SE FEZ CARNE...

Ninguém do lado de fora
ouve quando um poema acontece.
Dá pra se ouvir
gritos,
reclamações,
roncos,
distrações,
mas o poema não!
Ele não range,
não barulheia,
faz tão pouco movimento
que meu coração
acaba ouvindo meus pensamentos mais quietos.
Eu tinha um amigo assim,
tão suave.
Uma calma de deserto.
Tão silencioso
que se ouvia seus olhos
rasparem na pálpebra
e quando sua voz saia,
os fonemas plumavam
entre o ar e o respiro.
Paciente, paciente.
E quando se irritava
era calmamente.
Ele me disse tanto quando
não me dizia nada.
Se movia tão bem
entre o silêncio e a palavra,
que acabei concluindo
que meu amigo era um poema,
com pâncreas,
intestino
e dedos.
Fui rindo,
fazendo da beira do caminho
uma nova estrada.
São assim poesias encarnadas.


San Rodrigues

13/12/2011

ISÓTOPOS...

                    Andam acontecendo
                            atividades nucleares
                                    em meu coração.
Tenho um metro e noventa e um
de saudades represadas,
esperanças angustiadas,
fotos amareladas.
                                  Antiguidades
                                  renovadas
                                  no relógio.
Eu tão rebelado e prisioneiro do sapato
preso ao passo.
O mais leve dos poetas,
escreve com uma tempestade
que sai da alma e vai para a ponta da caneta.
Leva, todo dia maremotos
e correntezas pro papel.
Um tropel bizantino,
os passos de um milhão de persas.
                      Lá pelo fim da paciência
                                    dormi do meu lado aflito.
                                                      Acordei meio demente,
                                                                       acordei meio poeta,
com borboletas Ceciliadas,
tamanduás Bandeiras,
Drummonds de pedra,
Castros e Alves apaixonados
e Gonçalves com saudades
do gorjeio das palavras
que voam atrás dos sabiás.
                                                     Estou nuclear
                                                     com meus átomos
                                                     em versos respirados
                                                     profundamente.


San Rodrigues

Letras e Atos...

Este espaço é um ensaio para a escrita fotográfica, aquela que vê a cena e provoca as palavras para que possam construir a metáfora da imagem.
Gravando as imagens do diálogo, dos gestos, dos paragrafos, do detalhe nos verbos, em assustadores substantivos e adjetivos maleáveis... que possam traduzir emoções guardadas num lugar secreto.

San Rodrigues

toda leveza nasce de um instante de reflexão...