Na minha alma
cabe um jardim de cores,
com todos os seus poemas e odores,
cheio de prosa e amores,
que se escrevem para eternizar.
Que se eternizam para se calar.
Escrevo intenso
porque nas palavras não há velhice.
Velhices são coisas das minhas bobagens,
minhas regras e seriedades.
Por que no fim,
perto da pedra no meu quintal,
sou uma criança,
caçando sutilezas,
com espertezas nos pés;
gangorreando nas certezas.
Eu sou ausente e externo,
mesmo nas noites que acordo
em mim, assim, incógnito,
adverso,
domado por meu próprio barulho.
Refém de meus próprios silêncios.
Conspurcado nas saudades,
ilibado nos sofrimentos.
Toda noite me isento de mim,
toda noite só me encontro
quando amanheço.
Mas ainda volto para a saudade
e moro lá,
até acabar a beleza
que mora no jardim.
Amém.
San Rodrigues