Espaço Idílico...

LEITORES...

Powered By Blogger

Olá...!

Estes poemas são lugares de minha casa emocional... sintam-se a vontade, estiquem as pernas e pensem em lugares da vida que pertencem as coisas da alma...

Sandro A.

Poetas e Escritores do Amor e da Paz

21/11/2011

ONDE ME CHEGO...

Vento que leva o dia,
leva a hora,
leva o cheiro,
leva a história,
leva a folha,
leva o momento,
leva os insensíveis,
leva o sentimento.
Leva a prova,
leva o argumento,
leva outrora,
leva outros ventos,
leva a vida,
leva o recheio,
leva o que eu cuspo,
leva o que eu leio.
Leva a ida,
leva a volta,
leva o visgo,
leva a revolta.
Leva o dito,
leva o desdenho,
leva o que eu tenho,
e tudo que não tenho.
No rescaldo do vento,
procuro o que me sobrou.
Descubro que pra onde
o vento de mim levou tudo,
pra lá também me levou.


San Rodrigues

DESVIRAVOLTA...

Quero um poema ousado.
Que tire toda a minha roupa
e me coma de quatro.
Quatro maneiras diferentes:
Verso,
inverso,
côncavo
e convexo.
E depois
me regurgite
em qualquer papelaria antropofágica.


San Rodrigues

NOITE LENTA...

A noite foi planando
sobre o dia,
enquanto lentamente
se apagava a luz do sol
e se acendia a da lua.
Eu,
meus pensamentos
e um sabiá
procurando ninho seguro.
E o sabiá foi bem sucedido.
Minha pira,
eu ardendo até
a minha nostalgia mais sonsa.
Tudo que era sério,
sincero
e real;
eram cinzas,
eu no meu maior incêndio,
cheio de labaredas,
cheio de brasa,
encerrando em carvão.
O carvão dormiu
sono aflito
e acordou diamante,
queria cortar vidro.
Serenidade filha do desassossego,
calma no berço da angústia.
Mansidão, rebento da tormenta.
E eu pedi licença aos meus pensamentos
e fui dormir com o sabiá.


San Rodrigues

LENTOS...

Estas coisas são ambivalentes;
sacralidades respiram artificialmente
dentro de certos pecados.
Minhas cores moram
em lugares opacos,
com movimentos congelados
dentro de retratos pálidos.
Morri em pânico.
Todo.
Dentro do espelho.
Aceitar que me sou
é o que eu mais quero.
Plantar o azul,
entre o vermelho e o amarelo.
Migração,
colonização.
Morada.
Enfio em meu peito
minha própria estaca.
Que esculpi
entre os acadêmicos.
Essas misérias
que moram em compartimentos.
Violentam a euforia
e pra matar,
cravam nos sonhos dela,
letais monografias
de coisas que no fim
não disse.


San Rodrigues

A FLOR...

Metade da lua
sorria para mim
e a outra metade
dormia no palor.
E a luz de azul inquieto
de dois vaga-lumes,
vasculhavam minha alma
à procura de perguntas
de “pois” e de “porém”.
Porque no meio de mim
mora uma arrevoada delas.
Artigos lacerados,
dormência,
eu violado em tantas ausências,
vendo o sol se desafogando
na linha horizontal
da manhã.
Bom dia!
Meu eco!
Bom dia!


San Rodrigues

CRIAÇÃO...

E o dia triste
me fez a sua imagem
conforme sua semelhança
e eu não cresci,
nem me multipliquei,
mas me enchi da terra.
E disse a Deus:
Isso foi bom?


San Rodrigues

DEIXEI COMO É...

A coisa estava ali quieta,
secreta.
E eu de olhar acadêmico,
fui lá compreendê-la.
Maldito!
Nessa coisa de entender,
desfiz toda beleza.


San Rodrigues

DISTÂNCIAS...

No vazio da esperança,
nem tudo que vejo
minha mão alcança...


San Rodrigues

MARASMO...

Pássaros cantando verde,
abelhas jardineiras,
o orvalho chorando numa roseira.
O sol regendo o dia
e meu coração assim nublado.


San Rodrigues

NUS...

Ficamos nus nas sílabas
e achamos que ninguém está vendo.
Mas veem.
Os olhos que nos veem
nus nas palavras,
são olhos sagrados
que olham através
de respostas de chumbo.
Então deixe que nos vejam.
Porque nós vemos.
Claro que vemos;
saudades,
medos,
antiguidades,
esperanças,
fé,
o fim dela...
Amor,
tristeza
e outras coisas
que só se vendem
no mercado.


San Rodrigues

FOI DE IR MESMO...

E ela depois de um dia frio,
virou a esquina;
comprou uma
bela fantasia
e foi para o teatro,
derrubou todas as perguntas no chão
e foi fazer poesia.


San Rodrigues

VÉU

Morei em três países diferentes;
na saudade,
no medo
e na euforia,
minhas lembranças são versos
que reagem e vertem sangue.
Meu sonho de véu
e grinaldas é enlouquecer,
em catorze versos de um soneto
de fidelidade questionável,
mas sincero.
Freio-me de parir ilusões,
alcanço-me e conto a verdade:
O que é a verdade?
O que são as perguntas
senão a verdade de costas,
pronta para se virar
e rasgar o véu do templo.
Que dissolvam os fariseus
e esse povo que sou eu. 


San Rodrigues

Letras e Atos...

Este espaço é um ensaio para a escrita fotográfica, aquela que vê a cena e provoca as palavras para que possam construir a metáfora da imagem.
Gravando as imagens do diálogo, dos gestos, dos paragrafos, do detalhe nos verbos, em assustadores substantivos e adjetivos maleáveis... que possam traduzir emoções guardadas num lugar secreto.

San Rodrigues

toda leveza nasce de um instante de reflexão...