Espaço Idílico...

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Olá...!

Estes poemas são lugares de minha casa emocional... sintam-se a vontade, estiquem as pernas e pensem em lugares da vida que pertencem as coisas da alma...

Sandro A.

Poetas e Escritores do Amor e da Paz

18/11/2011

IMPETUS COR...

Sou mais um homem
diluído na multidão.
De nome comum,
olhar comum
e coração batendo pássaros.
Abatido por minhas amarras
de voz cinzenta
e brechas apaixonadas.
Furtivamente entrei,
lentamente abri,
firmemente alcei,
avidamente recolhi.
Tudo,
tudo que havia
de mais lindo
e leve em sua alma,
e plantei em meu coração...
meus ancestrais
chamavam isto
de paixão.


San Rodrigues

BRISAMENTE...

Brisamente
fui desacostumando
minha voz de achar as palavras
coisa fácil.
Dizer não é voz,
são palavras saltando vivas,
meninas.
Meus olhos revolucionados
fugiram por solidões
a procura delas.
Calei a cor da chuva,
em porão frio de lágrimas bélicas.
Ruminei abstrações de Borges;
fiz mar delas todas para mim,
e cedi-me externo,
inteiro
e interno
aos pronomes alheios.
Com alma brandida
e vulto ancestral,
fechando meu livro
e colonizando os meus nomes.
A saudade teme o poeta,
por que ele enlouquece as palavras
e elas saem por ai
contando tanta vida,
tanta prosa
para os pesos,
que não resistem.
Flutuam.


San Rodrigues

FLUIDADE...

A sensação fica incomodada
dentro do corpo,
tentando escapar
para um lugar mais distante
que os caminhos da perna.
A alma sublime,
flutua na brisa
da sua valsa mais livre...
que de tudo ri,
que em tudo insiste.
Lugar,
essa coisa que os angustiados
chamam de saudade.
Morar lá
para exorcizar minhas dormências.
Cada coisa a alma ousa,
e no meu canto e espaço,
fluidamente
a paz pousa.


San Rodrigues

AVAREZA...

Tinha uma dor,
não deu um sorriso.
Por suas saudades
não deu um abraço.
Passo e sonho
na estrada se sentiam cansados.
Via o verbo delirar,
mas não escrevia uma carta,
tinha um talento,
enterrou-o na sala,
mas um dia vagueou
no silêncio da tumba,
reformulou seus sonhos bêbados
e doou um sorriso.
Se convirtió en un hombre libre en el alma.


San Rodrigues

PREGUIÇA...

Pisa meu sapato,
leve passo,
pluma o gato,
minha inferência não faz festa,
e me rodeio pra ver
o que o interessa no meio de todo eu.
Aqui ou em certos
lugares que aconteço sereno,
desesperado,
aniquilado e as vezes inteiro.
Respiro,
reflito,
retiro
e torno a pôr.
Desisto,
me inquiro
e me dano de torpor.
Me sento nos afetos,
me cubro de desertos arados
para não nascer ninguém.
Nem uma só viúva de Caim.
Lento passo do sapato,
arranho o céu,
procuro espaço,
grito adeus,
grito a lua,
me jogo e corro aflito na rua.
Nu.
Porque é assim que renasci.
Leve passo,
longe passo,
leva o passo...
me levam os passos para um longe...
longe...
longe...
long.

San Rodrigues

INVEJA...

Há os que rastejam
por dentro
incomodados
pelo próprio veneno,
com que matam
as flores
do jardim
vizinho.

San Rodrigues

IRA...

Matou seus pais,
que o lembravam quem era,
matou seus filhos,
que o lembravam quem era,
matou seus amigos,
que o lembravam quem era,
matou seu inimigos,
que o lembravam quem era,
matou as paisagens,
que o lembravam quem era,
matou as ilusões,
que o lembravam quem era,
matou Deus,
que o lembrava quem era,
e quando se lembrou que era,
se matou.


San Rodrigues

GULA...

Comeu o pão que
seu passado amassou,
foi e engoliu todos os sapos
antes do meio dia;
assim rasgou a melancolia
e bebeu o fel espremido nos sonhos.
Mas antes de esmaecer,
valeu-se do saber
menosprezado pelos gostos
e desgostos
de nem tão longe,
de nem tão perto,
somente no tempo
e medida certa.
Amou de forma incerta,
da superfície ao centro,
do beijo doce do amor ardendo,
engordou o futuro mórbido
e morreu lento
num canto cínico
de saudades.


San Rodrigues

LUXÚRIA...

Beijou o lixo,
ladeou o refugo,
abortou a imundície;
flertou com a porcaria,
fez casa no entulho,
administrou o detrito
e no meio da semana,
a flor sobe
viçosa,
até encontrar
sua própria abelha.


San Rodrigues

SOBERBA...

A chama da vela crepita
lentamente e sôfrega,
balança todas as sombras
da casa,
da respiração.
E o homem sisudo,
de vontades antigas
e silêncio na alma,
olha por debaixo de seu óculos,
como quem não precisa da vida,
como quem não precisa do sorriso,
como quem carrega
todos os precipícios no olhar.
Apaga a vela
e mais uma vez dorme
com sonhos escuros.


San Rodrigues

Letras e Atos...

Este espaço é um ensaio para a escrita fotográfica, aquela que vê a cena e provoca as palavras para que possam construir a metáfora da imagem.
Gravando as imagens do diálogo, dos gestos, dos paragrafos, do detalhe nos verbos, em assustadores substantivos e adjetivos maleáveis... que possam traduzir emoções guardadas num lugar secreto.

San Rodrigues

toda leveza nasce de um instante de reflexão...