De vez em quando
acontece tanta coisa
no berço do intervalo
minha gente,
comigo inteirinho.
Da folha rasgada
a alma vazia,
de vez em quando
é oito horas,
de vez em quando
é amanhã,
de vez em quando
é tanto ano,
de vez em quando
eu quase amo.
De vez em quando
é toda vida,
de vez em quando
aturdida.
De vez em quando chove,
de vez em quando seca
de vez em quando Deus perdoa,
de vez em quando o verbo peca.
De vez em quando nasci,
de vez em quando morri,
de vez em quando nós todos somos.
De vez em quando cinquenta anos.
De vez em quando terminou.
De vez em quando recomeço,
de vez em quando mosquito,
de vez em quando esterco.
De vez em quando me acordo,
de vez em quando no sonho,
de vez em quando me imploro,
de vez em quando me imponho.
De vez em quando
nunca mais serei eterno,
descobrirei que no intervalo
fico menos,
fico terno.
De vez em quando é tanto tempo,
que não cabe em minha pressa.
De vez em quando
a vida é José.
De vez em quando
a vida é festa.
San Rodrigues
San Rodrigues