O poema, esse parnasiano,
Brota todo pelado
e rebelado,
com uma risada de Olavo,
ousada e sonsa na cara.
Cheio de vergonha,
o poeta mais romântico,
vai no armário,
pega verbos azuis listrados
adjetivos de hálito febril,
substantivos órfãos de vontade
e veste o poema de nominalidade,
e deixa ele,
uma dessas figuras.
Coisa de linguagem.
E o poeta,
estivador de quimeras,
de ar e duração flanada.
Vasculha na palavra,
a roupa certa pro poema.
Mas quem veste um grito?
Um suspiro?
Um desejo?
Quem veste o vento?
Uma bolha?
O momento?
Cada verso é epifania
e bagunça que inverte
a largura e o comprimento.
E no fim do evento,
somos nós sem ressarcimento.
Poeta calado,
feliz
e realizado,
vestiu o poema
de toda linguagem,
regra
e metragem,
mas passou a vida
com a alma pelada.
Benditos os nus,
pois deles é a poesia.
San Rodrigues
San Rodrigues
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