O tempo trinca
os mármores de Creta,
invade e marca
o rosto jovem de Greta.
Diz silêncio as marchas
e revoluções,
aquelas que lutam
nos pés e olhos,
mas nascem nos corações.
O tempo abre frinchas
em todas as minha durezas.
Meu Deus,
quem penso que sou
com estas frágeis certezas?
O tempo toca
e desafina o piano.
Violenta o passo,
a poça,
a pressa,
e o pano.
Murcha a laranja,
a maçã
e meu orgulho,
me encerra no meio da festa;
do viço
e do marulho.
Ao tempo,
nem o tempo do relógio resiste,
avança,
invade,
permanece.
Insiste.
O tempo curva,
doma e doutrina impérios,
junta o norte com o sul,
costura os hemisférios,
faz paz em um tufão
e um tufão em
qualquer delírio.
Meus Deus,
como é nobre
e poderoso o lírio.
O tempo esgota os números,
apaga estrela,
lento desliga as pessoas.
Deserta abundâncias,
Desespera tristezas.
O tempo todo dia
desafia Deus.
E Deus ri gostoso
dessa criança.
San Rodrigues
San Rodrigues
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