quando as sílabas morrem pela geada.
Fui até meu baú
com a chave que encontrei na raiva,
e tudo que fiz foi abrir
e olhar o que se guarda nos anos.
Só queria as palavras
mais fortes que o silêncio,
as únicas que fazem
e acalmam temporais,
carvões com almas de diamantes,
por que moram nas entranhas
quentes e pesadas
de meus confrontos,
de meus contrastes.
Surpreendi minha alma promíscua
flertando com a irrelevância,
admiti sem mágoa,
há muito que já não morava com minhas expectativas.
Queria ter minha própria sombra
para brincar.
Revirei todo meu conteúdo
e cavuquei cada palavra que achava ter
e encontrei sementes,
dessas que não morrem.
Era um lugar sagrado.
Devolvi tudo ao lugar,
só não tranquei o baú,
tinha de deixar o ar entrar,
e eu tinha de esperar o dia
da semente frutificar,
multiplicar e encher a terra.
No dia sagrado
de todas as palavras.
San Rodrigues
San Rodrigues
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