nem é inteiro.
É ver a gota
lenta,
decidida,
pingar e virar ribeiro.
Viver é metáfora
de respiração surpreendente;
ofegante êxtase,
Filha da fecundação.
É tocar violão
com a ponta dos dedos
cheios de
calma,
alma
e coração.
É respirar fundo;
é ir
a fenda,
a fossa,
ao fusco.
Viver é isso,
é aço,
é osso.
Viver é a reunião
de todo esforço.
Aspirar cada passo,
cada voo,
reatar com o pouso,
principiar muito,
findar um pouco.
Fecundar a manhã
antes da noite acabar.
Ver uma célula morrer,
outra viver
e contestar toda dor,
só pra subverter o concreto.
Saber que saudade
não é estar longe,
ou estar perto.
É aperto no afeto.
Se Deus quer assim,
eu espero.
Se não der pra poetizar
me desespero.
Mas no fim do ano,
me ergo um pouco
por que daqui à pouco,
tudo é começo de novo,
e eu nesse negócio
de viver.
San Rodrigues
San Rodrigues
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