Lá na beira de todo mar,
as ondas chicoteiam a areia,
vem e vão
em verdadeiros azorragues.
E pedi ao vento
que segurasse uma para mim,
dessas marrentas
que tombam caravelas
mais antigas
de tantos mares,
de tantos fundos
e sepulcros de saudade;
por que quando a saudade morre,
vai me enterrar no mar;
foi exatamente o que a onda me contou;
disse que lá Deus,
na viração do dia
lança esses nossos pecados indomáveis
e nos manda ir em paz,
mas contei a onda
que meus pecados são meu próprio mar,
e minhas ondas
e só Deus as pode acalmar.
Bem,
contei às ondas minha vida,
e quando terminei minha história,
já era a milésima geração das primeiras ondas,
por que é assim que aprendi a respirar.
Numa forma ondular.
San Rodrigues
San Rodrigues
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