Ninguém do lado de fora
ouve quando um poema acontece.
Dá pra se ouvir
gritos,
reclamações,
roncos,
distrações,
mas o poema não!
Ele não range,
não barulheia,
faz tão pouco movimento
que meu coração
acaba ouvindo meus pensamentos mais quietos.
Eu tinha um amigo assim,
tão suave.
Uma calma de deserto.
Tão silencioso
que se ouvia seus olhos
rasparem na pálpebra
e quando sua voz saia,
os fonemas plumavam
entre o ar e o respiro.
Paciente, paciente.
E quando se irritava
era calmamente.
Ele me disse tanto quando
não me dizia nada.
Se movia tão bem
entre o silêncio e a palavra,
que acabei concluindo
que meu amigo era um poema,
com pâncreas,
intestino
e dedos.
Fui rindo,
fazendo da beira do caminho
uma nova estrada.
São assim poesias encarnadas.
San Rodrigues
San Rodrigues
Gostaria de parabenizá-lo por tanto talento, professor!
ResponderExcluirrealmente os poemas são lindos, e muito bons.
é realmente um dom com as palavras.
um abraço. (: